Encontrar pessoas desaparecidas é algo complexo e exige o cumprimento de um rigoroso protocolo de investigações. Trata-se de um trabalho minucioso, que muitas vezes colide em questões delicadas e até mesmo íntimas, sobre relações familiares e conjugais. Conforme o titular da Delegacia de Polícia de Investigação de Pessoas Desaparecidas, delegado Thiago Lacerda, é improvável o estabelecimento de um padrão predominante nos casos de desaparecimento.
Ele destaca a recente localização, em Canoas, de uma idosa, que tinha seu paradeiro desconhecido desde 2004. O encontro ocorreu pela investigação em rede social.
— A idosa estava bem, embora tivesse perdido o contato com familiares — lembra.
O delegado relata também sobre o caso de um médico de 38 anos, cuja comunicação de desaparecimento foi feita pela companheira em maio. Neste caso, um desentendimento entre o casal ocasionou a perda de contato.
— Encontramos ele tomando cerveja em um bar com amigos. Havia decisão de não voltar ao convívio da comunicante. Estas situações acontecem. Algumas pessoas não desejam ser encontradas. É um direito seu e um desfecho possível para parte das investigações —comenta.
Angústia pela incerteza aflige familiares de desaparecidos
A espera por respostas sobre uma pessoa desaparecida representa um calvário para os familiares. Passados quase 12 anos do sumiço da filha caçula Cintia Luana Ribeiro Moraes em Três Passos, Noroeste do Estado, Ivone Ribeiro, 66 anos, emociona-se toda vez em que pensa sobre o que pode ter ocorrido após as 18h55min daquele dia 13 de julho de 2011.
— Eu tenho esperança ainda, mas muitas vezes eu fico pensando: será que ela está viva ainda? Uma menina alegre e cheia de sonhos. Será que fizeram alguma coisa para ela? A gente nunca mais teve notícia. É um drama muito triste para se viver — desabafa a mãe.
Quando desapareceu, Cintia Luana estava com 14 anos de idade e grávida de sete meses e meio. No dia do sumiço, recebeu ligação do suposto pai do bebê e teria ido ao encontro do homem de 34 anos à época, que chegou a ser investigado, sem comprovação de responsabilidade sobre o fato na ocasião.
— Eu gostaria muito de reencontrar ela viva. Vejo tantas reportagens de pessoas se reencontrando. Gostaria muito que isso acontecesse pra mim também. Isso me machuca bastante. Eu queria reencontrar minha filha viva.
A delegada Caroline Bamberg conta que atuou no caso e que o mistério envolvendo o paradeiro da jovem é um grande desafio para a polícia gaúcha. A diretora da Divisão Especial da Criança e do Adolescente (Deca) diz que qualquer informação a qual auxilie na localização pode ser enviada pelos canais oficiais com garantia de sigilo sobre a identificação de quem informa.
Informações sobre pessoas desaparecidas podem ser repassadas de forma anônima à polícia pela Linha Direta (51) 3288-2652, pelo WhatsApp (51) 98683-2986 e pelo e-mail: dhpp-desaparecidos@pc.rs.gov.br.