Um homem de 54 anos e uma mulher de 57 foram presos temporariamente no último dia 10 por suspeita de manter uma idosa de 79 anos em cárcere privado e “limpar suas contas bancárias”. A vítima foi resgatada com ossos quebrados, feridas e desidratação grave.
Conforme a delegada Ana Luiza Caruso, da Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso (DPPI), o crime ocorreu entre janeiro e feveiro deste ano. O casal trabalhava próximo à casa da idosa, no bairro Nonoai, na zona sul de Porto Alegre, e teria se aproveitado de uma condição de confusão mental da vítima para se apossar dos seus bens.
— Eles criaram uma proximidade, uma amizade, por se verem todos os dias. Ficaram íntimos. O casal aproveitou a senilidade da vítima para induzi-la a assinar uma procuração em nome da mulher — conta Ana Luiza.
Com o documento em mãos, os dois realizaram uma “grande movimentação nas contas bancárias da vítima”, de acordo com a delegada, e colocaram a residência da idosa à venda. Eles a esconderam na casa de uma terceira suspeita, filha da mulher, que confessou ter mantido a idosa em sua residência a mando da mãe.
— Limparam as contas dela. Não era uma pessoa rica, mas tinha suas economias. Um vizinho suspeitou quando viu a casa à venda — explica.
A relação entre a vítima e o casal era conhecida pelos vizinhos, o que foi fundamental durante as investigações. Segundo a Polícia Civil, o desaparecimento da idosa quando a casa foi colocada à venda levantou suspeita por parte de alguns moradores da região, que começaram a questionar o casal.
Os suspeitos passaram a despistar os vizinhos. De acordo com a investigação, eles alegavam que a idosa estava visitando parentes e teria "arrumado um namorado". Preocupado, um dos vizinhos procurou pela família da vítima, mas encontrou apenas uma sobrinha dela nas redes sociais. Sem se identificar, ele relatou a situação para a familiar, que decidiu registrar um boletim de ocorrência.
— A sobrinha não sabia da situação, procurou pela tia e não encontrou. Então, decidiu trazer o caso até nós. Inicialmente, conversamos com os vizinhos, eles demonstraram muito medo do casal — diz.
A idosa foi resgatada em fevereiro, com a saúde debilitada.
— Se não tivéssemos a encontrado, ela estaria morta. Certamente. Além de toda as escoriações e machucados pelo corpo, ela tinha ossos quebrados e estava desidratada — revela a delagada.
Segundo laudo médico, possivelmente, a idosa não tinha acesso à água e comida regularmente. Outros exames ainda devem apontar o que causou as fraturas em algumas regiões do corpo.
Ana Luiza Caruso destaca que, atualmente, a vítima está bem, “recebendo todos os cuidados necessários em uma casa geriátrica”. Conforme a delegada, a investigação continua e novas prisões podem ocorrer nas próximas semanas.
*Produção: Lucas de Oliveira