A Polícia Civil concluiu um dos inquéritos sobre agiotas que usavam dinheiro de facção criminosa — valores obtidos com tráfico de drogas e armas — para fazer empréstimos com juros abusivos para diversos moradores da Região Metropolitana. Três pessoas foram indiciadas por extorsão pelo delegado Marco Antônio Arruda Guns, titular da 1ª Delegacia de Canoas.
Apesar de cinco agiotas terem sido presos em ação realizada no final de abril, ainda há mais inquéritos em andamento e, com isso, outros suspeitos devem ser responsabilizados nos próximos dias. Levando-se em conta todas as investigações, os agentes já contabilizam pelo menos 20 vítimas, mas acreditam que esse número seja muito maior e que a maioria das vítimas tem medo de represálias, portanto, evita registrar ocorrência.
Aquelas que procuraram a polícia — uma delas falou com GZH (veja vídeo acima) — relataram que foram ameaçadas, agredidas, tiveram a casa alvejada, o comércio incendiado ou tiveram de se mudar para cidades no interior do Estado devido à violência na cobrança das dívidas.
Guns diz que, em alguns casos registrados, os juros cobrados chegavam a 10 vezes o valor emprestado — como o de uma mulher recebeu R$ 1 mil dos agiotas e teve de pagar R$ 40 por dia pelo tempo que eles acharam necessário. De acordo com o delegado, também havia cobrança por dívidas já quitadas ou até mesmo inexistentes e envolvendo mais de uma vítima da mesma família.
— A forma de cobrar, o valor dos juros, o tempo de cobrança, tudo era estipulado pelos investigados. Eles ainda criaram a figura do fiador de dívidas inexistentes e, assim, familiares, novos inquilinos, funcionários de comércio dos devedores originários, mesmo que não devessem mais, eram feitos reféns de tortura psicológica — explica o delegado.
Guns diz que, a partir de Canoas, um dos grupos agia em toda Região Metropolitana — os três indiciados por extorsão fazem parte desta primeira célula identificada. Eles fizeram pelo menos três vítimas, todas do bairro Mathias Velho. Os nomes deles não foram divulgados.
Há outros quatro inquéritos na 1ª Delegacia de Canoas com mais 17 vítimas. A 1ª Delegacia de Polícia de Canoas pode ser acionada pelo telefone: (51) 9.8402-2327.