A Polícia Civil investiga se os advogados suspeitos de forjar documentos para tentar favorecer criminosos praticaram fraudes em mais casos.
Em uma das situações apuradas, que motivou a operação realizada na manhã desta terça-feira (30), a polícia detectou que a dupla usou um despacho judicial falso para tentar transferir presos. Já a partir de conversas interceptadas, surgiram indícios de que um dos advogados montaria depoimentos para direcionar situações que beneficiassem seus clientes.
Em um dos diálogos, ele avisa a interlocutora de que já deixou o depoimento para ela e orienta para que ela assine e reconheça a firma:
— Só reconhece firma neste depoimento que eu te encaminhei ali — diz o advogado no telefonema.
A 2ª Delegacia de Combate à Corrupção realizou na manhã desta terça-feira (30) a Operação Falsum Indicium. Policiais cumpriram quatro mandados de busca e apreensão em residências e escritórios dos suspeitos em Novo Hamburgo e Cruz Alta.
Foram apreendidos documentos, celulares e computadores. Os nomes dos investigados não são revelados porque a investigação segue em andamento.
Conforme o delegado Augusto Zenon, titular da 2ª Decor, do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), o teor da conversa captada com autorização judicial indica que o advogado teria como prática a articulação de depoimentos e de outros documentos buscando favorecer clientes ligados a uma facção criminosa. A polícia também monitora a atuação deste advogado no retorno de uma liderança de facção de penitenciária federal para o Estado.
No caso que deu início à investigação, um dos advogados pediu uma permuta entre dois detentos, ou seja, eles trocariam de presídio, e o outro enviou à Justiça uma decisão judicial falsa, como se o juiz tivesse autorizado a transferência. A farsa foi detectada e a permuta não ocorreu.