Um homem de 28 anos é apontado pela Polícia Civil como receptador de 66 aparelhos celulares e acessórios roubados que foram encontrados na casa dele em Canoas, no último dia 5. A investigação conduzida pela 3ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre encontrou indícios de que ele e um auxiliar armazenavam os telefones, faziam a manutenção e desbloqueio deles, e vendiam ilegalmente pela internet na Região Metropolitana. Ele está preso preventivamente desde então por já ter antecedentes criminais de associação criminosa e receptação.
A estimativa da 3ªDP é que mais de R$ 45 mil seriam arrecadados com a venda dos celulares, tablets, smartwatches e iPhones (modelo 5 ao 14). Os preços no mercado ilegal variam entre R$ 200 e R$ 1.400 por aparelho. Três sacolas cheias de peças retiradas de celulares roubados também foram apreendidas, além de máquinas de cartões com as quais ele comercializava os dispositivos e componentes internos.
A investigação, agora, avança sobre as informações que os registros de compras nas máquinas e o conteúdo de mensagens trocadas pelos celulares pessoais dele vão revelar. A Polícia Civil espera encontrar a identidade dos ladrões, das lojas, dos clientes que compravam aparelhos diretamente dele e das assistências técnicas que negociavam peças dos aparelhos que eram obtidos ilegalmente pelo suspeito.
— Ele ficou em silêncio no depoimento. Mas é possível chegar aos ladrões a partir das informações nos celulares e pela identificação por parte das vítimas. Dentro de cada celular tem um mundo de informações — pondera a titular da 3ªDP, Rosane de Oliveira.
Identidade do aparelho
Registrado na bandeja do chip, na caixa do celular ou na nota fiscal da compra, o número da International Mobile Equipment Identity (Imei, ou Identificação Internacional de Equipamento Móvel, em português) funciona como o RG ou CPF de um celular. Através deste código a polícia pode rastrear se o dispositivo foi utilizado recentemente, se a operadora mantém algum número válido ou se foi feita alguma tentativa irregular de desbloqueio. Apenas com este código em mãos uma vítima que teve seu celular roubado ou furtado pode recuperar o aparelho, caso ele esteja entre as dezenas de apreendidos pela 3ª DP.
Crime qualificado
Produtos da Apple eram o principal alvo dos ladrões e do trabalho do receptador, explica a polícia. Pelo alto valor de revenda, o receptador desenvolveu conhecimento técnico que possibilitava o desbloqueio dos aparelhos mesmo com fortes sistemas de segurança desenvolvidos pela empresa norte-americana. Um deles levou a 3ª DP à casa dele: o rastreador de localização interno de um iPad mostrou o endereço do prédio onde o homem morava.
A delegada ressalta a importância de registrar ocorrência quando um roubo ou furto de celular acontece, seja na rua ou em lugares privados:
— Cada roubo ou furto que temos no sistema é um novo crime que pode contribuir para a polícia e a Justiça identificarem e punirem corretamente um criminoso que causou dano à sociedade. Precisamos do máximo de informações nestes boletins de ocorrência, principalmente o número Imei, quando for celular, para possibilitar a restituição do aparelho.
A partir de maio, quando a delegacia espera ter analisado todos os aparelhos e organizado os registros legais de cada um deles, pessoas que fizeram registro de ocorrência depois de terem seus celulares roubados nos últimos três anos em Porto Alegre e Região Metropolitana poderão entrar em contato com a 3ª DP para consultar se o seu aparelho está entre os mais de 60 recuperados. Para isso, é necessário saber o Imei, apresentar nota fiscal de compra e boletim de ocorrência registrado na data do roubo ou furto.