Houve redução nos crimes de feminicídio e latrocínio no primeiro trimestre deste ano no Rio Grande do Sul. As quedas em ambas modalidades foram de 14,3% em relação ao igual período de 2022. Por outro lado, os homicídios aumentaram 4,6% na comparação entre os mesmos intervalos de tempo. Os indicadores foram divulgados, nesta quinta-feira (13), pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) do Estado.
Os feminicídios, que são tratados como um dos maiores desafios da segurança pública gaúcha, seguem em queda no RS, o que já se verificava em janeiro e fevereiro deste ano. Foram quatro vítimas a menos na comparação entre o primeiro trimestre do ano passado com o atual. Apenas uma das vítimas possuía medida protetiva em vigência.
Entretanto, muita coisa ainda precisa ser feita para que este tipo de crime seja zerado e mulheres como Laila Vitória Rocha, de 20 anos, uma das mais recentes vítimas de feminicídio na Capital, não percam a vida. A mulher foi morta no dia 25 de março pelo companheiro André Ávila Fonseca, que se dizia bruxo, na Lomba do Pinheiro. Após confessar o crime, o autor foi preso.
Para o secretário da Segurança Pública do RS, Sandro Caron, um conjunto de fatores contribui para a queda nos feminicídios, especialmente o registro de boletins de ocorrência (BOs) por parte das mulheres que são vítimas de violência doméstica.
— Havendo este registro, o delegado pode decretar a medida protetiva e, na sequência, a Justiça determina a obrigatoriedade de o agressor manter a distância mínima — explica o titular da pasta.
O secretário também cita a rapidez da Polícia Civil para instruir os inquéritos, o que impede que a violência evolua para o feminicídio; os testes, em fase final, da ferramenta de monitoramento do agressor; a abertura da 2ª Delegacia da Mulher em Porto Alegre, o que deve acontecer ainda no primeiro semestre, entre outras ações.
Entre os esforços para que os números sigam em queda estão também o fortalecimento da Delegacia Online da Mulher e a abertura da 63ª Sala das Margaridas no Estado. Trata-se de um espaço especializado no atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar nas delegacias.
Além disso, a Operação Marias, que ocorre de forma integrada entre os órgãos de segurança para reforçar a fiscalização de medidas protetivas, é outra medida que se soma para a melhora dos indicativos.
O delegado e subchefe da Polícia Civil do RS, Heraldo Chaves Guerreiro, acredita que o registro de BOs por parte das vítimas funciona, de fato, como um dos fatores preponderantes para a redução dos feminicídios.
— O feminicídio é um crime de difícil prevenção, porque ocorre dentro do lar na grande maioria das vezes — diz, acrescentando: — O que a gente observa nas estatísticas é que são crimes extremamente violentos praticados com o uso de armas brancas.
Segundo Guerreiro, o feminicídio impacta toda a família. O motivo é que em muitos casos, os filhos ficam órfãos, já que as mães foram mortas pelos maridos, que, não raro, se suicidam em seguida ao crime.
— Todas as ações do governo e a conscientização das mulheres fazendo os boletins de ocorrência são importantes — conclui.
Em relação aos latrocínios, um dos crimes de maior gravidade, a queda também ficou em 14,3%. No acumulado entre janeiro e março, foram registradas 12 ocorrências, contra 14, em igual período de 2022. Não houve caso de latrocínio em Porto Alegre no mês passado.
Os primeiros três meses do ano tiveram redução, ainda, nos crimes de roubos e furtos em geral, roubos de veículos, abigeato e no transporte público.
Homicídios apresentam aumento no Estado
Por sua vez, os homicídios cresceram, o que deixa o sinal de alerta ligado no setor da segurança pública do RS. Foram 481 vítimas deste crime em 2023, contra 460, no mesmo período do ano anterior.
— A maioria dos homicídios, tanto no RS quanto no resto do Brasil, tem como motivação a disputa pelo tráfico de drogas. Este aumento começou em agosto do ano passado e foi até fevereiro de 2023. O ponto positivo é que em março já ocorreu uma redução de 2,5% no RS e de 26% em Porto Alegre — menciona o secretário da Segurança Pública do RS, Sandro Caron.
Conforme Caron, as grandes apreensões de drogas realizadas recentemente pelo Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), o serviço de inteligência da polícia e a intensificação do policiamento ostensivo contribuíram para a queda dos homicídios no mês passado.
Roubo de veículos
O roubo de veículos, que muitas vezes pode acabar em latrocínio para a vítima, também apresenta queda. Foram 103 ocorrências a menos de janeiro a março, o que representa uma queda de 8,5% ante igual período de 2022. A diminuição foi mais expressiva na Capital, chegando a 19,3%. Além disso, o roubo em geral caiu no RS, registrando diminuição de 7,2%.
Roubo ao transporte coletivo
Os dados sobre roubo ao transporte coletivo também caíram no primeiro trimestre no RS. Foram 126 ocorrências no acumulado, contra 190, no mesmo período de 2022. Os indicadores mostram uma redução de 33,7%.
Matéria de GZH, em dezembro do ano passado, mostrou que Porto Alegre conseguiu zerar os assaltos a ônibus em novembro de 2022. Era a primeira vez que um mês fechava sem registros do delito, segundo dados do Fórum Transporte Seguro.
Abigeato e roubo a bancos
A queda foi de 19,8% nos crimes de abigeato no meio rural. Foram 222 ocorrências a menos no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período do ano passado. O dado mostra que as ações no interior do RS têm dado bons resultados.
A operação Caranchos, que foi realizada pela Delegacia de Polícia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab) de Bagé, desarticulou, em março deste ano, grupo ligado a crimes de abigeato e tráfico de drogas na Campanha. A estimativa é que o grupo tenha furtado 180 animais de produtores de Bagé, em 12 oportunidades. Seis pessoas foram detidas.
Em relação a roubo a bancos, foram registradas três ocorrências a mais na comparação entre os períodos de 2022 e 2023. Trata-se de um aumento de 50%. Não houve reféns ou vítimas nesses crimes. No mês passado, apenas o monitor de um computador de um banco localizado em Alvorada, na Região Metropolitana, foi furtado.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), neste tipo de crime, a maior parte é relacionada ao furto e arrombamento, ou seja, não são subtraídos valores dos caixas, quantias em dinheiro e também não ocorre o acesso do criminoso ao cofre.
Nesta quinta-feira, o secretário da Segurança Pública do RS, Sandro Caron, confirmou que os 1,7 mil policiais militares anunciados pelo governo estadual para atuação em áreas escolares começam a atuar imediatamente.