A Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil quer responsabilizar os pais do primeiro adolescente apreendido por suspeita de planejar um ataque a uma escola de Maquiné, no Litoral Norte, no dia 11 de abril. Na casa da família, os policiais apreenderam materiais ligados ao neonazismo como bandeiras, imagens de Adolf Hitler e Benito Mussolini, além de simulacro de arma de fogo, facas, canivetes, fardas camufladas e capacetes.
No mesmo dia, os pais, levados à delegacia inicialmente para prestarem esclarecimentos, foram detidos e tiveram a prisão preventiva decretada. Segundo o diretor do Grupamento de Operações Especiais da Core, delegado Marco Antônio de Souza, há indícios de participação efetiva dos pais do adolescente na radicalização.
— A gente acha que esse é um elo importante, na efetiva responsabilização dos pais quando eles fomentam ou são omissos para que isso aconteça. Houve, sim, um componente decisivo dos pais para que esse adolescente fosse auto radicalizado — disse o delegado.
O adolescente, de 14 anos, está internado na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase) e responde por ato análogo a terrorismo, apologia ao nazismo e organização criminosa.
O delegado ainda acrescenta que havia indícios fortes de que um ataque seria promovido na manhã seguinte à apreensão do adolescente e prisão dos pais.
— Conseguimos evitar o ataque na quarta (12), mas veio indícios de que teriam mais dois adolescentes simpatizantes que poderiam promover em outra data — disse o policial.
Na noite de quarta-feira (12), um segundo adolescente foi apreendido e um terceiro foi levado para esclarecimentos, mas não permaneceu internado por não estar envolvido diretamente no planejamento do possível ataque. O delegado conta que houve uma diferença no tratamento dos casos pelos pais desses adolescentes.
— Nos outros dois casos os pais se mostraram surpresos e uma mãe até ajudou. A gente tem um caso de pai que teria fomentando o radicalismo e os outros pais que vieram ao encontro da polícia buscando a tutela do adolescente.
O plano de um possível ataque em Maquiné foi descoberto após a apreensão de um adolescente no Paraná. No celular dele, os policiais paranaenses descobriram a ligação com o adolescente do RS e acionaram as policiais gaúchas.