Um total de 95 agentes, com apoio de um helicóptero, cumprem na manhã desta quarta-feira (5) 10 mandados de busca contra 26 suspeitos de venderem drogas no condomínio Princesa Isabel, no bairro Santana, em Porto Alegre. O conjunto habitacional foi alvo de várias ações policiais nos últimos anos.
A investigação da 3ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) ocorre desde 2019 e visa apreender armas e entorpecentes guardados em apartamentos ocupados ou alugados por líderes de uma organização criminosa que atua no local. Os suspeitos estariam envolvidos na guerra de facções que deixou mais de 50 mortos no ano passado na Capital e seriam responsáveis pelo abastecimento de pontos de venda de narcóticos na Capital, principalmente na Cidade Baixa.
Também é investigado o crime de falsificação de documentos, que seriam usados para fazer contratos de aluguel de imóveis. Até mesmo nomes de pessoas públicas foram utilizados, segundo a polícia.
Até as 6h45min, um suspeito foi preso no local e os agentes apreenderam quatro armas, três porções de maconha, três radiocomunicadores e uma camiseta da Polícia Civil.
O diretor de Investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro, diz que o local tem sido monitorado constantemente. Além da investigação tradicional, várias observações por meio de drones foram realizadas.
— Além de venderem drogas no condomínio e na Cidade Baixa, os suspeitos abasteciam também e de forma direta a Vila Planetário e outros 31 pontos de venda na cidade. O trabalho do Denarc ainda tem como objetivo atacar os líderes do tráfico, que estão entre os 26 suspeitos — diz Carraro.
O delegado também ressalta que várias pessoas ligadas a líderes do tráfico no condomínio, tanto os que atuam no momento, quanto os que já ocuparam estas funções de comando, estão na mira do Denarc. Uma dessas pessoas foi presa no ano passado, no Rio de Janeiro.
Desde 2019, o departamento fez outras operações no residencial, assim como outros departamentos da Polícia Civil. Desde então, houve 16 prisões no local, 15 armas apreendidas, 400 quilos de drogas e mais de R$ 400 mil em dinheiro localizados.
Contratos de aluguel
Depois de cercar o conjunto residencial no bairro Santana, a polícia divulgou que pelo menos 18 apartamentos foram alugados pelos investigados em várias regiões de Porto Alegre. Eles faziam contratos em nome de pessoas não envolvidas com a criminalidade e, para isso, usavam documentos falsos.
O delegado Carraro diz que até mesmo nomes de algumas pessoas públicas foram utilizadas sem que elas soubessem. Uma delas, que teve nome usado até para fazer cartão de supermercado, comandou um órgão público no Estado.
Outros imóveis, mas neste caso dentro do condomínio Princesa Isabel, eram ocupados. Todos os espaços eram usados para o mesmo fim, segundo a polícia: armazenamento de drogas e materiais como munição e armas. Alguns dos apartamentos eram ainda habitados por idosos, como uma senhora de 77 anos em cuja casa, por três vezes, policiais encontraram drogas.