O dia 23 de março de 2023 se tornou um pesadelo para Nicole Nunes, mulher trans agredida por três homens em Esteio, na Região Metropolitana. A prisão do trio foi divulgada nesta sexta-feira (28) pela Polícia Civil. Em entrevista à GZH, ela contou detalhes dos momentos que antecederam ao crime (veja o vídeo) .
— Eu fazendo meu exercício, ele começou a me xingar. Para os amigos dele, ele dizia: “esse veado. A hora que eu sair daqui eu vou quebrar a cara dele”. Nós acabamos discutindo dentro da academia — lembra.
Nervosa, Nicole foi embora da academia, mas acabou abordada pelo grupo liderado pelo homem que a insultou na academia. Um deles segurou a amiga de Nicole, a autônoma Justine Silveira da Silva, que a acompanhava. Os homens atacaram a mulher trans pelas costas.
— Socos, chutes, marteladas, pedradas. Com certeza, eu temi por morrer — desabafa Nicole.
As agressões cessaram porque pessoas que estavam em um mercado próximo começaram a gritar e pedir que o grupo parasse.
— Um deles me arrastou no banco, eu fiquei toda esfolada, as minhas pernas, para conseguir bater nela (Nicole) — relata Justine.
Prisões
Um suspeito de 18 anos foi detido no dia 10 deste mês, em Esteio, e outro, também de 18, foi localizado e preso na última terça-feira (25), em Sapucaia do Sul. Já o terceiro investigado, de 23 anos, foi preso na quinta-feira (27) em Tramandaí, no Litoral Norte. De acordo com o delegado Marco Swirski, eles serão indiciados por homofobia, por injúria discriminatória, lesão corporal contra mulher e ameaça.
Além dos três presos, também foi identificado o quarto envolvido. Swirski diz que se trata de um adolescente. A Justiça decidiu que não teria uma representação de medida socioeducativa contra ele pois entendeu que a participação foi menor no fato. Os outros três devem ser indiciados nos próximos dias.
Para o delegado Cristiano de Castro Reschke, diretor da 2ª Delegacia de Polícia da Região Metropolitana, a população tem tido cada vez mais confiança nas instituições policiais e demais forças de segurança para apresentar esse tipo de denúncia.
— Eu acho que é importante que esses crimes, essas situações envolvendo transfobia, homofobia, questões raciais, de credo, raça, cor, venham à tona. Crimes como esse não podem passar impunes — comenta Reschke.
Em casos como este, a polícia de Esteio disponibiliza estes contatos para denúncias:
- Telefone — (51) 3458-9650
- Site — www.pc.rs.gov.br
- WhatsApp — (51) 98683-3555