A Brigada Militar e a Polícia Civil intensificaram as ações para, de acordo com o jargão utilizado pelas forças da segurança pública, "sufocar" os grupos criminosos que protagonizam a disputa que provocou a morte, na semana passada, de dois irmãos adolescentes no bairro Cascata, na zona sul de Porto Alegre.
João Francisco Maciel dos Santos, 14 anos, e Marina Maciel dos Santos, 16, foram atingidos por tiros quando passavam pela Rua dos Canudos. Eles haviam saído de casa, onde moravam com a família, para comprar um refrigerante.
No caminho, contudo, os dois foram alvejados quando pelo menos um criminoso desferiu rajadas de 9 milímetros contra um grupo de pessoas que também estava no local. Os tiros partiram do interior de um Ford Ecosport em movimento. Outras três pessoas ficaram feridas no ataque, não correm risco de vida e estão sendo investigadas.
As polícias estão convencidas de que o ataque está ligado à guerra entre facções que disputam poder e espaços territoriais para cometer crimes diversos, tendo o tráfico de drogas e os assaltos como principal foco e os homicídios como prática para enfraquecer rivais.
— Temos realizado operações integradas diariamente no bairro Cascata e em suas adjacências. As ações têm foco em transmitir um sentimento de segurança para a população. Não vamos permitir que novos episódios como esse venham a acontecer — afirma o comandante do Policiamento da Capital, coronel Luciano Moritz.
O oficial da BM informa que a corporação recrutou para a ofensiva reforços vindos de todos os seis Batalhões de Polícia Militar de Porto Alegre. As ações envolvem levantamento de informações, patrulhamento, barreiras de trânsito, abordagens a pedestres e averiguação de locais indicados como pontos críticos.
As operações de "sufoco ao crime", segundo Moritz, terão prosseguimento até a conclusão da busca pelos autores do atentado.
Perícias são aguardadas como peça fundamental da apuração
A investigação que está sendo conduzida pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) trabalha com foco na produção da prova técnica para chegar aos mandantes do ataque.
São aguardados laudos periciais do exame que coletou impressões digitais em um Ecosport encontrado abandonado no bairro São José e apreendido dois dias após o crime. Também estão sendo analisados projéteis de armas calibre 9 milímetros, recolhidos na cena do crime e retirados dos corpos das vítimas.
— A prova técnica pode confirmar a autoria e conectar a investigação com os mandantes do atentado. O trabalho das polícias tem por objetivos extirpar esta quadrilha, enfraquecer seu poder econômico e prolongar a permanência na cadeia das lideranças que já estão presas — aponta o diretor do Departamento Estadual de Homicídios, delegado Mário Souza.
Para o delegado, o atentado ocorrido na Rua dos Canudos torna-se uma prioridade pela forma empregada pelos criminosos.
— É um caso fora da curva, de uma violência incomum para a realidade de Porto Alegre. Os criminosos passam e atiram com o carro em movimento. Foi um método muito agressivo, que produziu grave resultado e coloca este crime como absoluta prioridade da DHPP da Capital — define Mário Souza.