A Polícia Civil espera ter dado um importante passo para a elucidação do atentado a tiros ocorrido na última quarta-feira (19), o qual resultou na morte dos irmãos João Francisco Maciel dos Santos, 14 anos, e Marina Maciel dos Santos, 16 anos. Eles foram atingidos por disparos dirigidos contra um grupo de pessoas que estava na Rua dos Canudos, no bairro Cascata, zona sul de Porto Alegre. Os adolescentes moravam com a família próximo ao local do ataque e tinham ido ao mercado quando o crime aconteceu.
Outras três pessoas ficaram feridas. O objeto da investigação que poderá acelerar a elucidação dos fatos, em especial a autoria e o mando dos disparos que mataram os irmãos adolescentes, é um automóvel Ford Ecosport de cor preta, o qual foi encontrado na última sexta-feira (21), abandonado na Rua Vidal de Negreiros, no bairro São José, zona leste da Capital.
O veículo está apreendido como possível evidência do crime e teve pedido de exames periciais encaminhados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil ao Instituto-Geral de Perícias (IGP).
— Solicitamos perícia papiloscópica para identificarmos impressões digitais que podem nos levar até os autores do atentado — confirmou a delegada Clarissa Demartini, titular da DHPP de Porto Alegre.
A delegada indicou que ainda não pode afirmar se haviam outros indícios de crime relacionados à apreensão do automóvel, como marcas de tiros, resíduos de pólvora ou mesmo cápsulas deflagradas de pistolas 9 milímetros, calibre utilizado nos diversos disparos realizados durante o ataque.
Clarissa, contudo, apontou que o progresso das investigações afasta cada vez mais a eventual relação entre a ação criminosa e os irmãos. Segundo apontaram testemunhas ouvidas no inquérito policial, Marina e João Francisco saíram de casa para comprar um refrigerante e estariam de passagem pelo local dos tiros no momento do atentado.
Nenhum dos dois é considerado potencial alvo dos criminosos. De acordo com relatos de pessoas próximas, os irmãos tinham comportamento familiar e escolar típicos de pessoas de suas idades.
— A hipótese de que os disparos pudessem ter sido desferidos contra eles está afastada, a menos que surjam novos elementos em sentido contrário a esta interpretação — destacou a delegada.
Feridos podem ter sido os alvos do ataque, diz delegada
A titular da DHPP, no entanto, informou que as três pessoas feridas no ataque, as quais já foram interrogadas pela Polícia Civil, permanecem sendo consideradas eventuais alvos. O trio tem registros de ocorrências contra eles, segundo Clarissa:
— Não descartamos esta e outras possibilidades, já que se trata de uma área da cidade onde é conhecida a ação de traficantes de drogas — revelou.
A delegada reafirmou que o fato é considerado um grave evento contra a segurança pública e sustentou que há grande empenho das autoridades em apurar o ocorrido, identificando e encaminhando os autores para a devida responsabilização penal.
A delegada enfatizou que as forças de segurança pública mantêm o reforço de sua presença na área com objetivo de restabelecer a sensação de segurança para a comunidade atingida pelos efeitos do ataque. Denúncias anônimas, com preservação da identidade dos denunciantes, são recebidas 24 horas por dia pela Polícia Civil no telefone gratuito 0800-642-0121.