O empresário que teria forjado o furto de 49 armas do próprio estabelecimento, uma loja de caça e pesca em Cruz Alta, no noroeste do Estado, foi indiciado pela Polícia Civil. Geovane de Freitas da Silva Marangon, que está preso preventivamente, deve responder por cinco crimes.
Outras cinco pessoas, que não tiveram os nomes divulgados, estariam envolvidas no caso e também foram indiciadas. Duas delas estão presas.
Conforme a investigação, o furto — realizado em fevereiro — foi planejado como forma de encobrir o desvio das armas para uma facção criminosa que atua na região. Entre os equipamentos levados, estão pistolas, submetralhadoras, espingarda e fuzil. Três pistolas foram recuperadas até o momento.
Marangon está preso desde 17 de fevereiro e, em depoimento, negou envolvimento no crime, segundo a polícia. GZH tenta contato com a defesa do investigado para contraponto.
O empresário foi indiciado, na segunda-feira (24), por comércio ilegal de arma de fogo, associação criminosa, falsa comunicação de crime, falsidade ideológica e associação para o tráfico. De acordo com a polícia, se for condenado, a pena dele pode chegar a 28 anos de reclusão.
As outras cinco pessoas foram denunciadas por crime semelhantes. Duas delas, que teriam realizado o furto, estão presas preventivamente. Outro suspeito já estava preso no dia do furto, por outros motivos, e teria participado do crime de dentro da cadeia. Segundo a polícia, ele é uma forte liderança do crime organizado na região. Outro homem está em prisão domiciliar, também por outro caso. Um está em liberdade.
O caso ocorreu na madrugada de 9 de fevereiro, no bairro Turíbio Veríssimo, no município do noroeste do Estado. Conforme o delegado Ricardo Drum Rodrigues, a ação gerou desconfiança desde o começo da investigação. A suposta farsa foi descoberta pelas equipes em razão de incoerências percebidas durante o furto, no local do crime, e no depoimento do empresário.
Um dos aspectos que chamou a atenção dos investigadores é que os criminosos teriam entrado na garagem da loja utilizando o próprio controle do portão. O momento foi flagrado por uma câmera na parte externa do estabelecimento, segundo o delegado — dentro da loja não havia monitoramento.
De acordo com o delegado, o depoimento do empresário, dado logo após o fato, ainda na condição de vítima, também levantou suspeita. Rodrigues afirma ainda que, uma semana antes do furto, um balanço das armas da loja havia sido feito.
— Em razão de um outra diligência, verificamos as armas que pertenciam à loja. Estivemos acmpanhados do Exército no local. Tem armas que ele afirma que foram furtadas, mas que sabemos que não estavam lá — explica o titular da Delegacia de Polícia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Cruz Alta.
À polícia, o dono da loja afirmou que não estava no local no dia da ação, pois jantava em um restaurante.
A polícia acredita que o homem tenha simulado o furto para encobrir o desvio de armaas para o grupo criminoso atuante na região. Apesar de a loja funcionar legalmente, o delegado do caso diz que algumas vendas apresentam irregularidades. O proprietário teria vendido armas para pessoas com antecedentes policiais, o que não é permitido.
Além disso, diversos clientes da loja eram familiares de pessoas que têm envolvimento com o tráfico de drogas, o que também gerou desconfiança na polícia. O estabelecimento funcionava havia pelo menos dois anos. O homem também é proprietário de um clube de tiro em Cruz Alta e, anteriormente, tinha atuado como despachante de armas.
— Neste local, também verificamos situações incomuns. Há incompatibilidade nas anotações de uso de munições no estande. Há pessoas que teriam dado 500 tiros em um dia no local, o que é muito incomum. Acreditamos que isso também era uma forma de desviar equipamentos para o grupo criminoso.
O valor total dos armamentos levados não foi informado, mas há pistolas que custavam mais de R$ 7 mil, por exemplo. Ao menos 13 pessoas foram ouvidas durante a investigação.
Contraponto
GZH tenta contato com a defesa do empresário, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.