Um advogado gaúcho preso na quarta-feira (26) em Santa Catarina foi encaminhado para o Rio Grande do Sul nesta quinta (27). A polícia só divulgou a ação nesta manhã, por questões de segurança. Ele é suspeito de atuar para uma facção que tem base no Vale do Sinos.
A prisão preventiva foi realizada pela Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em Palhoça, na Grande Florianópolis. Gilberto Silveira Tambasco, 56 anos, conforme os agentes, era foragido desde 2021 por tráfico e associação ao tráfico de drogas.
Após um mês buscando informações sobre o paradeiro do procurado, o delegado Gabriel Casanova, responsável pela prisão, apurou que ele estaria na casa de familiares — onde foi cumprido o mandado na quarta.
Além do advogado, a companheira dele, de 29 anos de idade, foi presa. Ela também estava foragida e teria envolvimento com a organização criminosa.
O diretor da Divisão de Investigação Criminal do Deic, delegado Eibert Neto, explica que os suspeitos estão sendo responsabilizados por estarem fazendo a movimentação financeira do tráfico e de extorsões para líderes do grupo que atuam nas cidades de Taquara e Parobé, no Vale do Paranhana.
— O advogado é pai de um suspeito de traficar drogas e envolvido em homicídios na Restinga, na Zona Sul da Capital, mas que agora está agindo no Vale do Paranhana. Já era evidente que a sua atuação não se limitava a assessoria jurídica do seu filho, circunstância que foi evidenciada quando a Polícia Civil o responsabilizou em inquéritos sobre tráfico de drogas também no município de Taquara — diz Eibert.
Sobre os valores, o delegado diz que a Delegacia de Taquara tem inquérito instaurado sobre aproximadamente R$ 170 mil movimentados nas contas do casal em apenas uma semana. A investigação apura agora se estes valores seriam recorrentes — semanais, por exemplo. Eibert ressalta que novas informações serão divulgadas após a conclusão do inquérito no Vale do Paranhana.
Contraponto
GZH entrou em contato na manhã desta quinta-feira com a defesa do suspeito preso. Os advogados Luiza Teixeira Ortega Pinilla e Éder Renato Martins Siqueira enviaram a seguinte nota:
"Em nota oficial disponibilizada pelos advogados de defesa, Dr. Éder Renato Martins Siqueira e Dra. Luiza Teixeira Ortega Pinilla, foi informado que o decreto prisional preventivo vigente se trata de uma desproporcional medida, corroborado pelo fato dos seus clientes não terem sido acusados pelo crime de lavagem de capitais, tampouco tráfico de drogas, sobretudo porque todas as provas produzidas durante o processo afastaram todos os motivos originários do decreto prisional, expedido nos longínquos anos de 2021.
Há diversos desencontros de informações externadas pela investigação, tanto no que toca ao valor, como também o período. Foi comprovado judicialmente o erro sobre a origem dos depósitos, inúmeros documentos e testemunhas deram conta de justificar as receitas, oriundas de honorários advocatícios. O processo se encontra pendente provimento judicial no âmbito do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, no qual há a possibilidade que a liberdade de ambos seja restabelecida a qualquer momento”.