Depois de indiciar dez suspeitos no início deste mês pelo sequestro de dois filhos de um empresário em outubro do ano passado na Zona Norte de Porto Alegre, a Polícia Civil indiciou nesta semana mais duas pessoas apontadas por envolvimento na quadrilha. Entre elas, a advogada Cláudia Costa Araújo.
Ela responde em liberdade por suspeita de ter emprestado o próprio veículo para uma mulher pegar o dinheiro do resgate, na época, no bairro Restinga, zona sul da Capital. Além disso, no mesmo dia extorsão mediante sequestro, a investigação diz que a suspeita visitou no Presídio Central o homem apontado como negociador do grupo criminoso.
A defesa da indiciada contesta as alegações e diz que ao longo do processo irá se manifestar com mais detalhes sobre o caso (veja nota abaixo). A outra pessoa responsabilizada no inquérito policial também é uma mulher. Ela teria auxiliado os demais suspeitos na aquisição de materiais e veículos para a realização do sequestro.
Segundo o titular da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado João Paulo de Abreu, o indiciamento das duas mulheres foi a etapa final do trabalho. Três dos indiciados foram presos durante a investigação e outro foi detido em Esteio durante a operação policial.
O grupo criminoso manteve as vítimas, os dois filhos do empresário, por cerca de 40 horas em um cativeiro no bairro Restinga. A quadrilha chegou a pedir R$ 1,7 milhão pelo resgate, mas a família acabou pagando um valor menor. No entanto, desde o início acionou a polícia e, desta forma, todos os passos dos criminosos foram monitorados até que todos fossem presos e agora responsabilizados pelo crime.
Sequestro
O delegado revela que os dois filhos do empresário, entre 20 e 30 anos, caminhavam por uma via pública do bairro Jardim Itú-Sabará por volta de 8h30min de 21 de outubro de 2022 quando foram abordados pelos criminosos. Conforme depoimentos e imagens de câmeras de segurança, dois veículos cercaram a dupla e pelo menos quatro homens armados os renderam. Os sequestradores teriam se passado por policiais civis e gritado "Polícia!", ordenando que se deitassem no chão.
Os jovens foram “algemados” com pulseiras plásticas, semelhantes às usadas pela polícia, e colocados dentro dos veículos. A ideia era não chamar a atenção de moradores da região e fazer com que tudo parecesse, para eventuais testemunhas, uma ação policial.
Lavagem de dinheiro
O delegado diz que a investigação continua pelo fato de que o valor obtido com o resgate foi depositado em contas bancárias de suspeitos como forma de lavagem de capitais. As contas eram de laranjas no Rio Grande do Sul e também de outros Estados. Abreu ainda ressalta que outra parte do valor foi investida em uma empresa do Paraná, onde também foram cumpridos mandados de busca em março.
Contraponto
A defesa de Cláudia Costa Araújo enviou nota para GZH sobre o indiciamento. O texto é assinado pela advogada Arima da Cunha Pires:
"A advogada da indiciada declara que, em que pese ter sido concluído o inquérito policial, ainda existe toda instrução processual para que a sua representada apresente sua defesa. Que o entendimento da polícia pode ser diferente do que se vai esclarecer no decorrer desta instrução".