Sete homens e três mulheres foram indiciados, na última semana, por extorsão mediante sequestro, suspeitos de simular uma abordagem policial para capturar e manter como reféns dois filhos de um empresário de Porto Alegre. Três dos indiciados foram presos durante a investigação do crime, que ocorreu em outubro do ano passado no bairro Jardim Itú-Sabará, Zona Norte de Porto Alegre. Outro foi detido no dia 17 de março em Esteio durante operação policial.
O grupo criminoso manteve as vítimas por cerca de 40 horas em um cativeiro no bairro Restinga, zona sul da Capital. A quadrilha chegou a pedir R$ 1,7 milhão pelo resgate, mas a família acabou pagando um valor menor.
Durante todas as negociações, a polícia esteve presente, pois foi acionada rapidamente pelo pai das vítimas. Desta forma, foi possível identificar cativeiro, suspeitos e seguir o rastro do dinheiro usado para lavagem de capitais.
O responsável pela investigação e pelo indiciamento é o titular da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado João Paulo de Abreu. Segundo ele, a apuração continua e por isso os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
Uma advogada envolvida com a quadrilha e mais uma mulher seguem sendo investigadas e devem ser indiciadas nos próximos dias, conforme Abreu, que também apura informações sobre lavagem de dinheiro.
— O montante obtido com a extorsão mediante sequestro foi depositado em contas bancárias, inclusive de outros Estados, e foi feito um suposto investimento em uma empresa do Paraná, onde também foram cumpridos mandados de busca em março — diz.
A investigação dos casos da advogada e de outra sequestradora, bem como a lavagem de capitais, não tem prazo específico para ser concluída e Abreu também não divulga o valor do resgate pago. Por meio de nota, a defesa da advogada informou que, "até que se tenha vista do que existe, não pode se manifestar e vai aguardar ter vista da íntegra dos autos para então se posicionar". O texto é assinado pela advogada Arima da Cunha Pires.
O sequestro
O delegado revela que os dois filhos do empresário, entre 20 e 30 anos de idade, caminhavam por uma via pública do bairro Jardim Itú-Sabará por volta de 8h30min do dia 21 de outubro de 2022 quando foram abordados pelos criminosos. Conforme depoimentos e imagens de câmeras de segurança, dois veículos cercaram a dupla e pelo menos quatro homens armados os renderam. Os sequestradores teriam se passado por policiais civis e gritado "Polícia!", ordenando que se deitassem no chão.
Os jovens foram “algemados” com pulseiras plásticas, semelhantes às usadas pela polícia, e colocados dentro dos veículos. A ideia era não chamar a atenção de moradores da região e fazer com que tudo parecesse, para eventuais testemunhas, uma ação policial.