"Se o vídeo vazar, vocês estão mortos". Essa é uma das ameaças que, segundo a denúncia apresentada na segunda-feira (9) pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul, os policiais militares João Victor Alves Viana, 30 anos, e Leanderson Silva, 25, fizeram a um casal, durante uma abordagem em um bar de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos. Eles foram denunciados por tortura, roubo qualificado e ameaça.
De acordo com o documento, os soldados teriam ameaçado e agredido o casal, com o objetivo de obter informações. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostra um dos PMs colocando um saco plástico na cabeça da mulher.
Conforme a denúncia, assinada pela promotora de Justiça Anelise Haertel Grehs, as vítimas estavam com dois amigos na frente de um bar no bairro São José, no domingo (1º), quando foram surpreendidas pelos denunciados. Na sequência, os soldados teriam apontado uma pistola para o casal, os revistado e ordenado que os dois entrassem no estabelecimento.
As outras pessoas no local foram liberadas. Nas horas seguintes, segundo apurado pela investigação, os soldados algemaram, ameaçaram e agrediram o homem e a mulher enquanto buscavam por drogas e dinheiro no bar.
Ainda conforme a denúncia do MP, ao perceberem que tinham sido filmados asfixiando a mulher, os policiais saíram do local às pressas, deixando para trás uma pistola e um colete balístico, mas levando bebidas e R$ 250 em dinheiro. Depois, os PMs teriam retornado ao estabelecimento, para pegar a pistola e o colete, e ameaçado as vítimas de morte, caso o vídeo feito fosse a público.
Além de denunciar os dois policiais, o MPRS pediu que seja decretada a perda do cargo dos denunciados e a interdição para o exercício da profissão pelo dobro do prazo das penas aplicadas. As defesas dos soldados afirmam que ainda não têm informação sobre recebimento da denúncia pela Justiça Militar.
O que diz advogado Vinicius Vargas, que defende o soldado João Victor
“Até onde se tem conhecimento a denúncia ainda não foi recebida pela Justiça Militar. De qualquer modo, se trata de ato unilateral do órgão ministerial e não significa o julgamento dos fatos, até porque deve ser devidamente processada nos termos da lei após o exercício da defesa nos autos do processo com conhecimento do seu inteiro teor.”
O que diz advogado Jair Canalle, que defende Leanderson Alves da Silva
“A denúncia do Ministério Público ainda pende de deliberação do juízo da causa e posterior citação pessoal do acusado, em caso de recebimento da denúncia pela Justiça Militar estadual, após o conhecimento de seu inteiro teor a defesa promoverá, neste primeiro momento, análise técnica de seu conteúdo com resposta nos autos do processo.”