Laureano Vieira Toscani é um dos quatro gaúchos que, junto com outras quatro pessoas, são réus na Justiça de Santa Catarina. O Poder Judiciário aceitou nesta semana a denúncia do Ministério Público sobre prática, incitação e culto do preconceito de raça, cor e religião com idolatria ao nazismo.
O suspeito do Rio Grande do Sul que teve o nome identificado usava tornozeleira eletrônica quando foi detido e é um dos réus condenados em setembro de 2018, em Porto Alegre, por ataque a judeus. O crime - três tentativas de homicídio porque as vítimas foram espancadas e esfaqueadas - ocorreu no bairro Cidade Baixa, em 2005, quando o mundo lembrava dos 60 anos do fim do Holocausto.
Os oito foram presos dia 14 de novembro deste ano por suspeita de racismo e associação criminosa em um sítio no município de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, Santa Catarina. Eles também foram investigados por atos neonazistas porque foram apreendidas várias indumentárias supremacistas com eles durante um encontro anual de suposta célula neonazista.
Os outros réus, além de mais três gaúchos, são um catarinense e um paranaense envolvido em duplo homicídio — de um casal que seria de uma célula neonazista dissidente — ocorrido em 2009 na Grande Curitiba, no Paraná. Os outros presos e que também respondem pelos atos neonazistas, conforme acusação, são um mineiro e um português que reside no Brasil. Os nomes não foram divulgados e, até o momento, GZH apurou apenas que um deles é o gaúcho condenado pelo ataque na Cidade Baixa. O processo ainda está na fase inicial e todos os acusados serão acionados para depor conforme o andamento do trabalho, incluindo policiais e testemunhas.
Réu em mais um processo
Toscani também é réu por agressão a um segurança negro da Trensurb no ano de 2009, em Porto Alegre. Ele e mais três homens, de acordo com a denúncia do Ministério Público gaúcho, causaram várias lesões e um ferimento superficial no pescoço da vítima devido a uma facada. O segurança teria solicitado que parassem de urinar nas proximidades da Estação Mercado.
Ainda sobre o ataque a judeus na Cidade Baixa em 2005, o outro réu condenado junto com Toscani recebeu uma pena de 12 anos de reclusão em 2018. Sobre este caso, outros dois réus também foram condenados e mais três tiveram julgamento adiado de outubro deste ano para março de 2023.
Contraponto
O advogado Luis Eduardo de Quadros, que representa os oito réus, ressalta que está ciente das acusações e que vai se manifestar novamente durante o processo judicial. Ele divulgou esta nota à imprensa neste sábado: "A defesa técnica dos investigados vem a público manifestar que está ciente das acusações imputadas aos réus pelo Ministério Público. Informa também que o trabalho já vem sendo desenvolvido no sentido de demonstrar a inocência dos réus denunciados pela suposta prática de apologia ao nazismo. Isso tudo passará pela demonstração de provas que irá acontecer no desenvolver do processo. Neste momento a defesa se resguarda ao direito apresentar as provas tão somente no momento oportuno nos autos do processo".