Está marcado para terça-feira (22) o quarto júri do processo que apura as responsabilidades pela morte do ex-vice-prefeito e ex-secretário da saúde de Porto Alegre Eliseu Santos. Serão julgados Marcelo Machado Pio e Jonatas Pompeu Gomes, dois dos 13 réus no caso. O político foi morto a tiros em 26 de fevereiro de 2010, diante da mulher e da filha caçula, na saída de um culto religioso, no bairro Floresta, na Capital.
Pio foi um dos sócios da empresa de segurança Reação, acusado de mandar matar Eliseu. Gomes, que trabalhou na empresa, é acusado de participar do crime. Ele é irmão de Eliseu Gomes, já condenado por ser um dos executores do político.
A sessão está marcada para começar às 8h30min, no plenário de grandes júris, no Foro Central da Capital. O Tribunal do Júri será presidido pelo juiz Thomas Vinícius Schons, do 2º Juizado da 1ª Vara do Júri de Porto Alegre. A previsão é de dois dias de duração.
Dez testemunhas foram arroladas pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul e pelas defesas. Entre elas, está o governador do Estado, Ranolfo Vieira Júnior, que vai depor de forma virtual. Ranolfo era chefe de Departamento de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil na época do crime.
Polícia Civil e Ministério Público divergiram sobre o motivo do assassinato. A Polícia Civil concluiu o inquérito sustentando que se tratava de latrocínio (roubo com morte), já que teria ocorrido a tentativa de roubo do veículo do ex-prefeito, que estava armado, chegou a trocar tiros com os criminosos e feriu um deles. Já a Promotoria levantou outra hipótese: homicídio por vingança. Eliseu teria descoberto um esquema de corrupção dentro da Secretaria Municipal da Saúde, então comandada por ele, que envolveria servidores públicos e pessoas ligadas à prestadora de serviços de segurança Reação, terceirizada para atividade de segurança em postos de saúde. Na Justiça, prevaleceu a tese do Ministério Público.
Está previsto para 12 de dezembro o júri de Cássio Medeiros de Abreu, Marco Antonio Bernardes e José Carlos Brack. Quatro réus já foram condenados em três júris. Não há previsão de julgamento de outros dois.
Os réus
Condenados
- Eliseu Pompeu Gomes e Fernando Junior Treib Krol foram sentenciados a 27 anos de prisão em 2016. Eles foram os executores do homicídio.
- Robinson Teixeira dos Santos foi condenado a 33 anos, cinco meses e 15 dias de prisão em 23 de setembro de 2022. Ele dirigia o carro que levou os atiradores até o local do crime e esperou para a fuga.
- Jorge Renato Hordoff de Mello foi condenado a 42 anos e dois meses de prisão em 20 de outubro de 2022. Ele era um dos sócios da empresa Reação, mandante do crime.
Júri marcado para 12 de dezembro de 2022
Marco Antônio de Souza Bernardes
- Advogado, era assessor jurídico da Secretaria da Saúde de Porto Alegre, dirigida por Eliseu Santos. Suspeito de cobrar propina da empresa Reação, é acusado de corrupção, crime que teria sido descoberto por Eliseu e que teria provocado a morte dele.
Cássio Medeiros de Abreu
- Comerciante, enteado de Bernardes. Assim como o padrasto, é acusado pelo mesmo crime de corrupção porque intermediaria recebimento de propina da Reação.
José Carlos Elmer Brack
- Ex-presidente do diretório do PTB de Porto Alegre, trabalhou na Secretaria de Saúde da Capital, mas foi afastado por Eliseu Santos. É acusado de corrupção, assim como Bernardes e Abreu.
Júri marcado para 22 de novembro de 2022
Jonatas Pompeu Gomes
- Acusado de ter participação no crime por ser irmão de Eliseu Gomes e ter trabalhado 40 dias na empresa Reação.
Marcelo Machado Pio
- Era um dos sócios da Reação, acusado de arquitetar a morte de Eliseu Santos por vingança.
Ainda sem data para serem julgados
Adelino Ribeiro da Silveira
- É acusado de participar da morte de Eliseu Santos, pois teria entregue R$ 15 mil para os matadores.
Aroldo Veriano da Silva
- Tenente-coronel da reserva da Brigada Militar, foi apontado por Silveira como a pessoa que teria intermediado a entrega de dinheiro para os matadores de Eliseu.
Extinta punibilidade pela prescrição
Janine Ferri Bitello
- Auxiliar de enfermagem: teria ajudado a socorrer e feito curativos em um dos criminosos, baleado por Eliseu na troca de tiros que resultou na morte do secretário. Ela seria velha conhecida do assaltante. Está denunciada por associação criminosa e favorecimento pessoal.
Extinta punibilidade por falecimento
Marcelo Dias Souza
- Acusado pelo MP de envolvimento no crime porque apareceria em imagens de câmera de segurança próximo ao local do crime na hora do fato. Réu faleceu e foi extinta a punibilidade por esse motivo.