A Polícia Civil, junto a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), realiza uma operação nesta terça-feira (22) em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana, e na penitenciária de Osório, no Litoral Norte. O objetivo é desarticular dois esquemas criminosos que teriam sido montados por um presidiário.
De acordo com a polícia, o investigado controlava de dentro da cadeia o tráfico de drogas, inclusive com um ponto de venda em uma das celas. Ele também coordenava a aplicação do golpe dos nudes contra vítimas de todo o Rio Grande do Sul. Cerca de 50 agentes cumpriram oito mandados de prisão e 10 de busca.
Até as 9h30min, havia 13 suspeitos detidos: dois durante a investigação, seis que estavam em residências em Eldorado do Sul e mais cinco no presídio, porque estariam vendendo drogas no local.
O diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza, destaca que o trabalho foi coordenado pelo delegado Eric Dutra. Em julho, ele prendeu quatro suspeitos de venderem drogas na Região Metropolitana. Eles tiveram celulares apreendidos e a continuidade da apuração levou ao responsável por comandar o esquema.
— Mais uma vez um presidiário e, desde o início, já passamos a atuar junto a Susepe. Os quatro presos estavam no bairro Loteamento, em Eldorado do Sul, mas tinham como líder um apenado de Osório — relata Souza.
Com a investigação sendo realizada, Dutra descobriu que o mesmo apenado que comandava a venda de cocaína, maconha e crack, também deu ordens para executar um rival. Inclusive, o criminoso pediu que a ação fosse filmada com o celular de um dos executores, para que ele assistisse de dentro da cela.
O delegado conta que, apesar de levar vários tiros, a vítima —um desafeto da quadrilha — sobreviveu. O crime ocorreu em Eldorado do Sul.
A investigação também levou os delegados Dutra e Souza a descobrir que o mesmo apenado administrava um esquema envolvendo o golpe dos nudes. Segundo a apuração, uma mulher recebia as ordens do presidiário para cooptar criminosos com o objetivo de criar perfis falsos e atrair possíveis vítimas. A investigada também auxiliava no tráfico. Tudo foi comprovado por meio de trocas de mensagens pelo WhatsApp.
Em uma das conversas pelo celular, um dos criminosos cooptados para aplicar o golpe dos nudes diz que precisa de dinheiro e pede explicações para o apenado. Depois de receber uma "aula online", ele diz que vai atrás de vítimas para trocar fotos íntimas, se fazendo passar por uma adolescente (saiba mais sobre como o golpe é aplicado abaixo).
O número de vítimas ainda é apurado, mas as identificadas até aqui são todas do Rio Grande do Sul. No entanto, a polícia não descarta que haja pessoas lesadas em outros Estados.
O delegado Souza diz que os oito suspeitos que tiveram mandado de prisão contra eles cumprido nesta terça-feira são apontados como gerentes do tráfico e responsáveis pelas extorsões. Os cinco presidiários, que cumpriam pena por outros tipos de delito em Osório, foram autuados em flagrante por tráfico. Os nomes dos investigados não foram divulgados.