A segunda testemunha ouvida na segunda-feira (7) — primeiro dia do julgamento da pastora e ex-deputada federal Flordelis pela morte do pastor Anderson do Carmo, seu então marido, em 16 de junho de 2019 — foi o delegado Alan Duarte. Ele assumiu a investigação do caso em 24 de janeiro de 2020, substituindo a delegada Bárbara Lomba.
Duarte foi responsável pela conclusão do inquérito e por imputar a Flordelis a prática do homicídio. A sessão de julgamento foi interrompida pouco depois das 22h15 desta segunda e será retomada nesta terça-feira (8).
Em seu depoimento perante o Tribunal do Júri no Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, o delegado narrou a parte dele na investigação e afirmou estar certo de que a pastora foi responsável pelo crime.
Segundo o delegado, a pastora se contradisse pela primeira vez quando questionada sobre o local onde teria ido na noite de sábado, 15 de junho de 2019, horas antes do crime, ocorrido na madrugada de 16 de junho.
— Primeiro ela afirmou que tinha ido ao Rio para comer petiscos, depois afirmou que foi namorar na praia, disse que foi a Copacabana, mas não há nenhum registro da passagem do carro em que ela estava por esse bairro — afirmou.
Uma outra contradição teria ocorrido, segundo o delegado, quanto ao celular do pastor, que a princípio teria sido roubado pelos criminosos que o mataram (inicialmente foi alegado latrocínio). Mas o celular teria sido usado, depois do crime, pela própria pastora.
Segundo Duarte, Flordelis tentou envenenar o marido em pelo menos seis ocasiões. O delegado elencou ainda mensagens trocadas por ela com os filhos tratando do planejamento da morte do pastor.
A delegada que iniciou a investigação, Bárbara Lomba, foi a primeira testemunha ouvida no julgamento e disse, mais cedo na segunda-feira, que provas do crime teriam sido queimadas no quintal da casa onde a família morava, em Pendotiba, Niterói.
A terceira testemunha a prestar depoimento foi Regiane Ramos Cupti Rabello, que conheceu Lucas — filho afetivo do casal e acusado de participação na morte do pastor — quando ele tinha 14 anos, porque morava perto da casa de Flordelis e era próxima da família. Regiane empregou o rapaz na oficina mecânica do marido e passou a auxiliar Lucas, que, segundo ela, reclamava muito da família. Lucas chegou a morar com Regiane e teria relatado vários problemas familiares. No depoimento, a testemunha acusou Flordelis de fazer uma proposta a Lucas para matar o pastor, sendo que ele teria se recusado a praticar o crime.
Regiane afirmou ainda que, logo após o assassinato do pastor Anderson, a então deputada federal realizou um treinamento para combinar os depoimentos que seriam prestados pela família à Polícia Civil. Ainda segundo ela, os familiares empregados no gabinete de Flordelis na Câmara dos Deputados praticavam o esquema ilegal da "rachadinha": eles ganhariam cerca de R$ 15 mil e ficavam com cerca de R$ 2,5 mil, devolvendo a diferença à pastora.