O Grêmio Náutico União (GNU) divulgou para a imprensa nesta terça-feira (18) parte das imagens gravadas do show de Seu Jorge. Durante apresentação no clube porto-alegrense na sexta-feira (14) houve relatos de atos de racismo contra o músico. O GNU não permitiu que os jornalistas divulgassem o vídeo em razão da Lei Geral de Proteção de Dados, mas que olhassem o conteúdo para descrição.
Nas partes divulgadas, o cantor aparece se apresentando com sua banda e chama em determinado momento o artista Pedrinho da Serrinha, que começa a tocar cavaco. Passados alguns minutos de apresentação, Seu Jorge começa a se despedir, agradecendo ao público. Até aí não é possível ouvir xingamentos ou vaias, mas sim aplausos.
Ao final, quando ele se despede agradecendo Porto Alegre, é que atos racistas teriam começado: primeiro, o cantor eleva o braço direito com a mão espalmada, parecendo dar tchau ao público. Logo depois, ele faz o sinal que seria um “L”, símbolo usado por apoiadores do candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
— Pra não esquecer — diz Seu Jorge com o braço direito erguido com o símbolo do “L” ao deixar o palco.
Assim que ele sai começam as primeiras vaias e os gritos de “mito, mito, mito”, apelido dado a Jair Bolsonaro por seus apoiadores. É neste momento que teriam sido proferidas ofensas racistas. No entanto, no vídeo disponibilizado pelo clube, não é possível ouvir os xingamentos raciais.
A delegada Andrea Mattos, da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre, diz que num dos vídeos gravados por espectadores é possível verificar o crime de discriminação racial.
— Eu ouvi “macaco”. E sons imitando esse animal. Sem sombra de dúvidas isso configura o crime de racismo — sustenta a delegada.
Em entrevista à GloboNews, Seu Jorge diz que os atos racistas teriam começado neste momento, no fim do show. Ele nega que tenha feito manifestação política.
O presidente do GNU, Paulo Bing, concedeu entrevista coletiva após o vídeo ser mostrado para a imprensa. Ele reforçou que não ouviu xingamentos racistas, mas gritos de “mito, mito”.
— Toda ação corresponde a uma reação — diz Bing.
— Manifestação de atos de racismo é uma coisa intolerável e que não podemos compactuar e tolerar aqui dentro do União — diz o presidente.
Bing diz que se solidariza com Seu Jorge e que tentará fazer contato com ele.