Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o presidente do clube Grêmio Náutico União (GNU), Paulo José Kolberg Bing, comentou as ofensas raciais sofridas pelo cantor Seu Jorge durante apresentação na última sexta-feira (14). O artista se apresentou durante evento para marcar a reinauguração de um salão do clube.
— Lamento profundamente os fatos que ocorreram. O caso está agora na esfera policial, mas serão tomadas medidas disciplinares dentro do clube. Quero me solidarizar com o Seu Jorge. O GNU é um clube com 116 anos de história e sempre tivemos um convívio muito respeitoso com nossos funcionários. Nunca pregamos qualquer ato de racismo — disse Bing (veja entrevista na íntegra no vídeo acima).
Manifestações em redes sociais, confirmadas por GZH com algumas pessoas que compareceram ao evento, indicam que Seu Jorge teria sido hostilizado com gritos de "uh, uh, uh", simulando o som feito por macacos, além de ter sido xingado com termos como "negro vagabundo" e "preguiçoso".
Bing afirmou não ter ouvido nenhuma das manifestações racistas, mas que recebeu gravações nas quais elas podem ser ouvidas. Na última segunda-feira (17), a titular da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre, delegada Andrea Mattos, abriu inquérito para investigar o caso.
— Em nenhum instante ouvi as manifestações racistas, porém, recebemos uma gravação onde uma pessoa profere ofensas raciais. Em nossos registros de áudio e vídeo não aparece nenhuma ofensa racista, mas me parece que elas ocorreram. Já estamos colaborando com as autoridades policiais e disponibilizamos nosso registros internos para a investigação — relatou.
O presidente informou que, se for confirmado que quem cometeu os atos de racismo é associado do clube, haverá a aplicação de penas disciplinares, que podem chegar à exclusão do quadro de sócios. Porém, Bing ressaltou que o show também foi aberto ao público em geral. Ele destacou que a manifestação do cantor sobre temas eleitorais pode ter influenciado a reação dos presentes.
— Todos pedem punição imediata, mas ainda não sabemos quem punir. Não queremos cometer nenhuma injustiça. Estamos em época de eleição, então existe uma polarização. Em nosso clube são vedadas manifestações políticas — ressaltou.
Na noite de segunda-feira (17), o cantor Seu Jorge se manifestou pelas redes sociais a respeito do caso. No vídeo, Seu Jorge aparece sentado em frente a uma bandeira do Rio Grande do Sul. Durante o relato, o cantor disse ter sido informado de que houve orientação do clube para que os funcionários não chegassem perto dele. Seu Jorge também pontuou que os únicos negros no local eram os empregados do GNU. O presidente do clube negou tal orientação.
— Isso não procede, é totalmente improcedente. Nunca se teve esse tipo de orientação. Inclusive, sei de funcionários que tiraram foto com ele no camarim — comentou Bing.
Perguntado sobre uma possível quebra de contrato por parte do cantor, por conta das manifestações políticas durante o show, o presidente destacou que o mais importante é apurar as ofensas raciais, e disse já ter realizado o pagamento do evento.