Após sofrer ataques racistas durante show na última sexta-feira (14), no clube Grêmio Náutico União, o cantor, ator e músico Seu Jorge deu entrevista ao programa Estúdio i, da Globo News. Essa foi a primeira entrevista do cantor após o caso.
— Eu falava sobre a redução da maioridade penal e o genocídio da juventude negra no Brasil. Foi então que, ao sair do palco, comecei a ouvir vaias e gritos de "mito" — relatou o artista.
Testemunhas confirmam que foram ouvidos gritos de "mito", em possível referência ao candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Nas redes sociais, houve quem dissesse que Seu Jorge teria feito um sinal de L com a mão, em referência ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante sua apresentação.
Conforme a delegada Andrea Mattos, da Delegacia de Combate à Intolerância, é possível ouvir ofensas racistas em vídeo gravado no local. Outros presentes ainda relataram que o cantor teria sido hostilizado com gritos de "uh, uh, uh", simulando o som feito por macacos, além de ter sido xingado com termos como "negro vagabundo" e "preguiçoso".
Seu Jorge relata, ainda, que um produtor da sua equipe, que inclusive é seu primo, foi apontado como autor do "roubo" um celular durante o evento, mas que ao consultarem o sistema de monitoramento do clube, nada foi comprovado.
— Uma pessoa havia dito que deixou o celular no meu camarim e que o telefone sumiu, mas não provaram nada — comentou.
O músico agradeceu o carinho que recebeu nas redes sociais após o pronunciamento que postou relatando o caso. Segundo ele, é um "sentimento nacional" de que o racismo e qualquer tipo outro tipo de preconceito não deve estar na característica da população.
— Recebi muito carinho de pessoas brancas que diziam que esse comportamento não as representava e se diziam envergonhadas. O povo negro brasileiro, além de estar exausto, entende o processo histórico e reconhece que, em alguns setores, não é bem-vindo. Não cabe mais ficarmos polarizados desse jeito. Conclamo às pessoas que, no dia 20 de novembro (Dia da Consciência Negra), façamos uma passeata para promover o amor e celebração — pediu.
Procurada, a assessoria do Grêmio Náutico União informou que o clube não tem conhecimento a respeito do caso que envolveria o "roubo" do celular e o produtor do músico.