A Polícia Civil apreendeu na madrugada desta quarta-feira (21), em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, mais de R$ 700 mil que pertenceriam a uma facção envolvida na escalada de violência que matou pelo menos 29 pessoas desde o final de junho somente na Região Metropolitana. Composto de notas com valores entre R$ 10 e R$ 200, o valor total levou mais de oito horas para ser contabilizado pelos agentes.
As milhares de notas estavam dentro de uma mochila, que era transportado em um Fiat Palio abordado no bairro Santo Afonso. O motorista, suspeito de integrar uma organização criminosa, foi preso em flagrante. A movimentação financeira já estava sendo monitorada há 10 meses pela 1ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc). É a maior apreensão em dinheiro feita pelo departamento nos últimos anos.
O delegado Guilherme Dill, que investiga o caso e que também comandou a operação que prendeu este mês, na Capital, o traficante Paulo Ricardo Santos da Silva, o Paulão da Conceição, diz que a ação é mais uma ofensiva contra os dois grupos que estão em confronto. A motivação destes ataques, de acordo com Dill, é justamente uma dívida de mais de R$ 600 mil.
O local em que a apreensão ocorreu, o bairro Santo Afonso, é o mesmo em que dois adolescentes foram mortos e um ficou ferido em ataque a tiros no início da semana, nas proximidades de um ponto de venda de drogas.
— Além do dinheiro e do carro, apreendemos o celular dele (do motorista) para verificarmos mais suspeitos envolvidos e mais detalhes sobre o destino dos mais de R$ 700 mil. Só para se ter uma ideia, representa mais de 12 anos de salário de um policial que tenha recém ingressado na instituição — diz Dill.
Segundo o delegado, o nome do suspeito, que tem 33 anos, não foi divulgado porque a investigação continua. Apesar disso, a polícia confirma que o dinheiro é fruto da venda de drogas no Estado e que provavelmente seria usado para a compra de mais entorpecentes.
O homem detido tem antecedentes criminais por delitos no trânsito e contra o meio ambiente. Dill ainda destaca que o veículo Palio não era roubado, mas está registrado em nome de um suposto laranja da facção. De acordo com o delegado, novas ações serão realizadas para descapitalizar as facções em guerra no Estado.