A descoberta de um laboratório de drogas dentro de uma casa na Região Metropolitana levou o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) a fazer uma das maiores apreensões de entorpecentes sintéticos dos últimos anos. No local, foram encontrados 11.589 comprimidos de ecstasy e três quilos da droga em pó.
Na residência, um homem de 30 anos foi preso no fim da tarde dessa segunda-feira (19), em Alvorada. Ele não teve o nome divulgado.
Nos últimos dias, agentes da 4ª Delegacia de Investigações do Narcotráfico monitoravam a casa, no bairro Formoza, depois de receberem uma informação sobre o local. A suspeita inicial, segundo o delegado Fernando Siqueira, era de que o morador estivesse armazenando e distribuindo entorpecentes.
Por isso, uma equipe passou alguns dias vigiando a movimentação. Durante esse período, os agentes perceberam que o investigado costumava deixar o imóvel e se aproximar de alguns veículos com frequência — uma prática considerada suspeita.
Ao entardecer dessa segunda, os investigadores decidiram abordar o morador, no momento em que ele chegava na casa. Segundo a polícia, o homem acabou usando uma tesoura para tentar resistir à prisão e atacar os agentes, mas foi contido. Quando entraram na casa, os policiais descobriram drogas e maquinários, que indicam que o local era usado como laboratório para produção de entorpecentes.
Havia, além das drogas já prontas para a comercialização, insumos e outros itens que são usados na produção, inclusive prensas para produzir os comprimidos. Ali foram encontrados os 11.589 comprimidos de ecstasy, além dos três quilos de pó da mesma droga.
Também foram encontrados 454 gramas de cocaína e uma pequena quantidade de maconha (cinco gramas). Foram apreendidos ainda 1.184 gramas de insumos (que seriam usados na produção), máquinas hidráulicas, prensas, balanças de precisão e um liquidificador (usado para misturar o entorpecente).
Um caderno foi encontrado com anotações sobre a operação de tráfico no local. Nele, havia, por exemplo, a indicação de quantos comprimidos haviam sido repassados, em qual data e para quem. O morador da casa, que já tinha antecedentes por tráfico e desacato, foi preso em flagrante.
"Maior apreensão "
— Trata-se da maior apreensão de drogas sintéticas do Denarc dos últimos anos. A quantidade de ecstasy em pó é suficiente para produzir aproximadamente 18 mil comprimidos, além dos quase 12 mil já prontos para distribuição — explica o diretor de investigações do Denarc, delegado Alencar Carraro.
O aumento da circulação de drogas sintéticas já havia sido percebido pelas equipes do Denarc. Um movimento que se deu especialmente durante o período da pandemia do coronavírus, quando drogas de maior valor aquisitivo passaram a integrar a maior parte das apreensões.
Esse tipo de entorpecente, em geral, é distribuído durante festas, mas também vêm sendo usada a estratégia de comercialização por meio de telentregas de drogas. Numa modalidade mais cômoda e menos perigosa, criminosos cooptam entregadores para levar o produto até o cliente.
— O produto é comercializado sobretudo para jovens de classe média — afirma Carraro.
Cocaína e produtos sintéticos, como ecstasy, LSD e MDMA, tiveram salto nas quantidades localizadas entre janeiro e julho deste ano pelo Denarc. As apreensões de ecstasy, por exemplo, tiveram aumento de 214%, com mais de 15 mil comprimidos encontrados.
No caso da apreensão dessa segunda-feira, o produto já embalado e o pó, que juntos somariam cerca de 30 mil comprimidos, poderiam render de R$ 900 mil a R$ 1,5 milhão. Isso porque cada comprimido de ecstasy é vendido por valor de R$ 30 a R$ 50.
A descoberta de laboratórios, onde são produzidas grandes quantidades da droga, faz parte da estratégia usada pelo Denarc para tentar coibir a circulação desse tipo de entorpecentes.
Denuncie
Denúncias podem ser repassadas diretamente ao Denarc pelo telefone 08000-518-518.