Paulo Ricardo Santos da Silva, 63 anos, o Paulão da Conceição, e outras 32 pessoas foram indiciadas por tráfico de drogas, associação para o tráfico e comércio ilegal de armas, inclusive de granadas. O inquérito foi remetido ao Poder Judiciário nesta terça-feira (27) pelo Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc).
Do total de indiciados, 27 estão presos, sendo que 15 deles foram detidos em operação policial realizada no último dia 8 em cinco cidades gaúchas. Outros 12 já estavam no sistema prisional e seis ainda não foram localizados. A Polícia Civil não divulgou os nomes dos indiciados, mas GZH apurou que um dos suspeitos é o Paulão da Conceição.
De acordo com o titular da 1ª Delegacia do Denarc, delegado Guilherme Dill, eles são líderes de facções que mantinham contatos e negociações diariamente, mesmo que os integrantes dessas organizações criminosas continuassem com a guerra envolvendo três grupos — causando mais de 30 mortes e deixando mais de 40 pessoas feridas desde o fim de junho.
Paulão da Conceição foi localizado por meio do monitoramento da tornozeleira que usava, já que não estava em casa quando foi preso na zona leste da Capital. Ele foi detido em uma residência a 200 metros de onde a polícia cumpriria, inicialmente, o mandado de prisão.
Condenado em 2017 a 28 anos de reclusão por homicídio, Paulão é apontado como ex-líder do tráfico na Vila Maria da Conceição, no bairro Partenon. Em 2010, foi localizado e preso por policiais gaúchos em Copacabana, no Rio de Janeiro. De acordo com o delegado Dill, atualmente, o indiciado estaria envolvido na guerra de facções na Região Metropolitana.
— Descobrimos que estes líderes de facções selam acordos, anunciam guerra entre si e delimitam territórios, tudo visando basicamente o lucro próprio. Enquanto isso, os integrantes dos grupos rivais ficam fazendo demonstrações de poder e causando diversos homicídios — diz Dill.
As facções envolvidas nesses confrontos são basicamente duas, uma com base na Vila Cruzeiro, zona sul da Capital, e outra do Vale do Sinos. Mas o delegado diz que esse grupo, que atua a partir de Novo Hamburgo, teria se aliado a outro que tem base na zona leste de Porto Alegre.
O trabalho da delegacia do Denarc conseguiu encontrar provas de envolvimento destes indiciados em pelo menos cinco dos assassinatos ocorridos durante a guerra de facções. Os dados foram repassados ao departamento de Homicídios. Dill ressalta que os confrontos continuam sendo investigados.
Por parte da 1ª Delegacia do Denarc, o objetivo é verificar a movimentação financeira de pelo menos 11 dos indiciados nesta terça-feira. Um novo inquérito, este com foco em lavagem de dinheiro, deve ser aberto. A expectativa é que este trabalho identifique suspeitos que atuam para estas organizações criminosas em outros Estados e até outros países, como Paraguai e Uruguai.
Os alvos desta investigação já tiveram veículos e imóveis sequestrados judicialmente. Com a conclusão do inquérito, a polícia deve pedir que os bens sejam indisponibilizados - retirados deles em definitivo.
Contraponto
GZH entrou em contato com a defesa de Paulão na manhã desta terça-feira. O advogado Marcelo Ferreira, que já havia informado no dia 8 o fato do seu cliente não ter ligação com os homicídios ocorridos na Região Metropolitana, destaca que ainda não teve acesso aos autos do inquérito policial.
Segundo ele, foram feitos inúmeros pedidos nesse sentido e, como não tem informações mais detalhadas sobre a investigação, fica inviável um contraponto mais preciso. Inclusive, Ferreira pretendia usar o próprio material requerido para tentar reverter a situação do seu cliente.