Após o pedido de prisão preventiva feito à Justiça Militar, os três policiais militares suspeitos de envolvimento no desaparecimento de Gabriel Marques Cavalheiro, 18 anos, foram presos nesta sexta-feira (19). Segundo a Brigada Militar (BM), os mandados de prisão foram cumpridos pela Corregedoria-Geral da corporação, que também fez o recolhimento dos celulares, com acompanhamento de militares do 2⁰ Batalhão de Polícia de Choque de Santa Maria.
Os militares ficarão, a partir de agora, recolhidos e à disposição da Justiça. O trio já estava afastado das funções desde terça-feira (16). O nome dos PMs não foi divulgado.
A solicitação da prisão preventiva e de recolhimento dos aparelhos dos integrantes da guarnição havia sido protocolada na tarde desta sexta-feira, às 15h, junto à Auditoria da Justiça Militar de Santa Maria. Um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado ainda na segunda-feira (15), e apura os fatos e as circunstâncias do atendimento à ocorrência realizado pelos três policiais.
Para a conclusão do IPM, foi estimado um prazo de 40 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 20. A BM afirmou que os PMs têm 16, 15 e seis anos de atuação policial.
As armas dos policiais também foram recolhidas, na terça-feira. A viatura foi encaminhada para perícia, e o resultado ainda é aguardado.
"A Brigada Militar, ao longo de seus 184 anos, nunca deixou de ser transparente nos seus atos. Tão logo as investigações sejam concluídas, as informações serão trazidas a público. Em caso de comprovação do envolvimento dos militares, todas as medidas de responsabilização serão adotadas, sempre resguardando o direito à ampla defesa e ao contraditório", disse a BM em nota. A corporação também avalia a possibilidade de substituir o comando da BM de São Gabriel.
Nesta sexta, a corporação convocou uma coletiva de imprensa minutos após o corpo do jovem ter sido encontrado em um açude na localidade de Lava Pé, interior do município, onde se concentravam as buscas. A coletiva ocorreu no Quartel do Comando-Geral, no centro de Porto Alegre.
O secretário da Segurança Pública do Estado, Vanius Santarosa, afirmou, na coletiva, que a pasta não concorda com abordagens que não sigam o padrão exigido pela corporação.
— São 15 mil pessoas abordadas todos os dias pela BM. E esses 15 mil não apresentam problema. Esse é um caso pontual, mas, quando ocorrem, são apurados com o maior rigor da lei. A investigação vai avaliar o que aconteceu e, depois, se deve ser revisto o padrão de abordagem da BM. Iremos apurar o que aconteceu nessa abordagem, temos o maior interesse em saber — disse Santarosa.
O comandante-geral da BM, coronel Claudio dos Santos Feoli, também participou da coletiva e afirmou que a corporação emprega esforços para a elucidação do caso.
— Nosso cotidiano é salvar vidas. Essa é nossa missão. Isso é passado desde o ingresso no curso de formação da Brigada Militar. Só que, por mais que façamos uma formação, temos aí um elemento humano, que não pode ser desconsiderado. E o elemento humano que não estiver de acordo com a conduta esperada deve ser desconsiderado — pontuou Feoli.
O corpo do jovem foi achado pela Brigada Militar e o Corpo de Bombeiros por volta das 16h30min desta sexta. Foi nas proximidades do local que uma jaqueta de Gabriel foi encontrada, na quarta-feira (17).
A viatura usada para transportar o jovem teve o percurso registrado por GPS. A BM confirmou que o veículo fez uma parada de um minuto e 50 segundos no local, que fica a dois quilômetros de onde Gabriel foi abordado.
Em depoimento no IPM, os policiais militares admitiram terem levado o jovem até a localidade de Lava Pé depois da abordagem. Alegaram que ele se dizia perdido e teria solicitado para ir ao local, onde procuraria a casa de familiares.