Três dos réus acusados pela morte de um empresário no estacionamento de um supermercado na zona sul de Porto Alegre, em 2016, foram condenados na madrugada deste sábado (20). O julgamento teve início às 10h08min desta sexta-feira (19), no plenário da 2ª Vara do Júri, no 5º andar do Foro Central, na Capital, e a sentença foi lida às 3h deste sábado (20).
Rafael Pabosso de Albuquerque, que confessou ter efetuado cerca de 10 disparos contra a vítima, recebeu a pena de 50 anos de prisão. Bruno Fernando Sanhudo Teixeira foi sentenciado a 47 anos. Carlos Henrique dos Santos Duarte foi condenado a 31 anos. Já Geovani Bueno Antunes foi absolvido. Um quinto réu, Fabio Fogassa, será julgado separadamente em razão de cisão no processo determinada pela Justiça.
Conforme o promotor Luiz Azevedo, a acusação ainda analisa se irá recorrer da absolvição de Antunes. O advogado Jean Severo, que defende Albuquerque, informou à reportagem de GZH que vai recorrer da decisão. A Defensoria Pública, que representa os réus Teixeira, Duarte e Antunes, afirmou à reportagem que "vai recorrer do que julgar necessário, nos autos do processo".
Os três réus foram condenados pelo assassinato de Marcelo Oliveira Dias, na época com 44 anos, morto a tiros na frente da filha no estacionamento do Zaffari, localizado na Avenida Cavalhada. A criança tinha quatro anos no dia do crime e também foi atingida por um tiro no rosto. Eles foram acusados de homicídio e tentativa de homicídio triplamente qualificados, além de organização criminosa, receptação e adulteração de sinal automotor.
As penas incluem o homicídio consumado de Marcelo, além do tentado da filha dele e associação criminosa. Entretanto, eles foram absolvidos da acusação de corrupção de menores — crime apontado por conta da presença de uma adolescente no momento do homicídio.
Confissão
No salão da 2ª Vara do Júri, no Foro Central de Porto Alegre, Albuquerque confessou ter matado o empresário por engano. Contudo, negou a tentativa de homicídio da filha da vítima e a receptação do veículo usado no dia do crime. Ele confirmou que disparou cerca de 10 tiros contra a vítima, mas sem saber que se tratava do empresário Marcelo Dias. O acusado afirmou ainda que foi induzido ao erro por parte de uma adolescente.
— Quero ser condenado. Foi um inocente e, por isso, não tenho como negar o crime. Me dói, quero pedir desculpas de coração à família. Eu sofro, e não é uma condenação que vai me curar — disse Rafael Pabosso de Albuquerque.
Santos Duarte negou a acusação de assassinato. Ao longo do julgamento, admitiu que esteve no local do homicídio, na Avenida Cavalhada, e que chegou a atirar no carro do empresário. Assim como o primeiro acusado, ele afirmou também que uma adolescente — que estava com eles naquele dia — teria indicado a vítima como sendo um desafeto de Albuquerque.
Já Teixeira e Antunes negaram envolvimento no crime. Ambos disseram, inclusive, que não estiveram no local. A adolescente apontada pelos acusados já foi julgada, cumprindo medida socioeducativa.
À tarde, o Ministério Público fez sua argumentação, pedindo condenação dos quatro réus. Após a explanação do promotor Luiz Azevedo, os advogados de defesa representaram durante mais de duas horas pedindo a absolvição dos réus.
Depois de breve recesso, Azevedo retornou ao tribunal do júri, para apresentar sua réplica. Em sua fala, ele retomou sua argumentação destacando a gravidade do crime e pediu aos jurados que votassem pela condenação dos réus. Houve ainda uma tréplica antes da reunião dos jurados para a sentença.