As duas mulheres acusadas pela morte de Bruno Toledo dos Santos, então com 25 anos, em São Sepé, na Região Central, foram condenadas pelo crime. O julgamento, que aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade, se estendeu até o fim da noite desta quinta-feira (14).
O corpo da vítima foi encontrado carbonizado na casa onde ele vivia. O crime ocorreu em agosto de 2019.
Taiane dos Santos, 29 anos, que está detida preventivamente desde o dia seguinte ao assassinato, foi condenada a 19 anos de reclusão, inicialmente em regime fechado. Na sentença, consta que mais de uma qualificadora foi reconhecida para o crime, como motivo fútil, traição e meio cruel devido à forma como a vítima foi morta, com emprego de fogo.
"Ao que consta da prova dos autos, principalmente de laudo pericial, a vítima, pessoa jovem e saudável, foi localizada em sua cama, evidenciando pouca ou quase nenhuma chance de reação. A morte, portanto, foi extremamente violenta", diz trecho da sentença.
Já Graciela Borba Dutra, 38, foi condenada a 11 anos e quatro meses de reclusão, em regime inicialmente fechado. A pena foi mais baixa porque, conforme a sentença, "a conduta da ré não foi primordial à ocorrência do resultado em si". Ela chegou a ficar detida por 15 dias após o crime e poderá recorrer em liberdade.
Conforme a denúncia do Ministério Público (MP), a vítima tinha um relacionamento extraconjugal com Taiane e a recebeu em casa na noite de 7 de agosto de 2019. A mulher teria ido ao local de carro, acompanhada da amiga Graciela, mas apenas Taiane teria descido do veículo. Segundo o MP, ela entrou na residência e ateou fogo ao corpo do homem após derramar um galão de gasolina nele.
O corpo foi encontrado somente no dia seguinte, pelo irmão da vítima. O laudo da necropsia apontou que ele morreu carbonizado, por ação direta do fogo. Também foi constatada fuligem nas vias respiratórias.
O que dizem acusação e defesas
Assistente de acusação e advogado da família da vítima, Divor Rittes Bassan Filho disse que os moradores de São Sepé esperavam pela condenação da dupla.
— Era o que a gente esperava, o que a Justiça, a sociedade de São Sepé esperava. Foi um dos crimes mais cruéis cometidos na cidade, de uma forma tão brutal, que foge da normalidade. Era um júri muito esperado pela família do Bruno, para que eles tivessem pelo menos um acalento de que a Justiça foi feita.
O advogado de Taiane, João Marcos Adede y Castro, defende que a condenação é contrária às provas do processo e afirma que vai recorrer da decisão dos jurados:
— As decisões do Tribunal do Júri são decisões não técnicas. O juiz julga conforme a ciência. E temos certeza que se fosse o caso de julgamento pelo juiz, que é um técnico, haveria a absolvição. Ou pelo menos teriam sido afastadas algumas das qualificadoras.
A defensora de Graciela, Sharla Rech, também planeja recorrer.
— A defesa buscou da melhor forma respeitar todas as provas produzidas até aqui no processo. Dentro de um contexto ético, respeita a decisão dos jurados, mas vai analisar todos os atos realizados em plenário, já que foram consignados alguns incidentes a respeito da incomunicabilidade dos jurados, assim como vai analisar a sentença para realização de apelação.