Pouco mais de um mês após ladrões terem sido flagrados por imagens de câmeras de segurança usando uma caminhonete para arrombar uma loja na Avenida Protásio Alves, no bairro Chácara das Pedras, zona norte de Porto Alegre, a Polícia Civil realiza nesta terça-feira (7) uma operação contra os investigados. No crime, conforme a apuração, o grupo usou um veículo da prefeitura da Capital que havia sido furtado dias antes no bairro Navegantes.
No ataque ao estabelecimento comercial, dois homens botaram duas motos no automóvel oficial e fugiram. Contudo, um deles foi logo identificado, já que deixou cair o próprio cartão de crédito no local.
A investigação e a operação foram coordenadas pelo delegado Rafael Liedtke. Segundo ele, 25 policiais participaram do cumprimento de quatro mandados de busca e apreensão na manhã desta terça.
Além dos dois homens que aparecem nas imagens, um terceiro também foi identificado. Eles não tiveram os nomes divulgados.
Logo após o furto das motos, avaliadas em R$ 40 mil, a polícia ouviu o proprietário do local — que disse ter sido o terceiro furto no ano e o quinto desde a inauguração da loja, em 2017 — e solicitou perícia, além de analisar imagens do circuito interno de segurança. Mas uma das principais provas foi deixada pelos próprios criminosos:
— O ladrão deixou cair o próprio cartão de crédito no estabelecimento comercial, e o descuido dele foi crucial para a investigação — ressalta o delegado.
Este homem, que deixou cair o cartão, foi preso em flagrante nesta terça-feira, durante cumprimento de mandado, com uma arma e munição.
Caminhonete da prefeitura
De posse das imagens, do depoimento da vítima e do cartão, as digitais foram obtidas e todas as provas, juntadas ao inquérito. Em meio a isso, a polícia descobriu que a caminhonete usada no ataque à loja — uma Mitsubishi L200, de cor branca, ano 2004 — pertence à prefeitura de Porto Alegre e foi furtada no dia 29 de abril deste ano na Rua João Inácio, na Zona Norte.
O furto das motocicletas ocorreu três dias depois. Segundo a polícia, nem mesmo as placas do automóvel oficial foram trocadas.
Além de estragar o para-choque ao bater a caminhonete contra a porta do imóvel, os ladrões também danificaram ainda mais a mesma parte ao colidir em um carro estacionado na Avenida Protásio Alves, durante a fuga.
O automóvel foi abandonado e encontrado dois dias após o ataque à revenda de motos. Em 4 de maio, ele estava estacionado em uma rua do bairro Belém Novo, na Zona Sul. As perícias obtidas no carro condizem com as que foram encontradas no local do crime e com o nome do proprietário do cartão de crédito que foi perdido.
Suspeitos têm antecedentes
Apesar de não divulgar os nomes dos investigados, porque a apuração continua e pelo fato de procurar mais provas com as buscas realizadas nas casas dos suspeitos, o delegado Liedtke diz que todos moram na mesma rua, no bairro Restinga, e têm várias passagens pela polícia.
Um deles, de 21 anos, tem antecedentes por homicídio doloso, associação criminosa e tráfico de drogas. Este é o portador do cartão de crédito perdido na loja.
Outro, vizinho dele, tem 31 anos e já respondeu por crimes como roubo e furto de veículo, receptação, clonagem, injúria e ameaça. O terceiro identificado, que teria dado apoio aos dois primeiros durante o furto das motos, também tem 31 anos e possui antecedentes por roubo de veículo, a estabelecimento comercial, associação criminosa, homicídio, corrupção de menores e lesão corporal.
O trio vai responder agora por mais três delitos nesta nova investigação do Deic: associação criminosa, com pena de prisão de até três anos, e furto qualificado de veículo, com reclusão de até oito anos.