Dois novos casos de ameaças a comerciantes foram registrados em Venâncio Aires, no Vale do Rio Pardo, nesta quarta-feira (15). Conforme a Polícia Civil, criminosos levaram quase R$ 4 mil nas duas ocorrências, que são investigadas como extorsão.
Os casos se assemelham aos já mostrados por GZH no final de maio. No chamado golpe da facção, criminosos entram em contato com comerciantes e se identificam como lideranças de grupos criminosos que atuam no tráfico de drogas.
Depois, passam a cobrar explicações do lojista, perguntando porque ele estaria denunciando o tráfico para a polícia. Dizem ainda que, caso a vítima se negue a dar esclarecimentos, a facção irá colocar fogo no estabelecimento e executar os funcionários. Como forma de evitar a violência, o criminoso pede dinheiro ao comerciante.
Segundo a polícia, nos dois casos de Venâncio Aires, os lojistas também receberam, pelo WhatsApp, um vídeo que mostra uma pessoa sendo morta a tiros.
Com medo, os comerciantes fizeram a transferência. Um deles depositou R$ 500, e o outro, R$ 3 mil. Como as ameaças e os pedidos por mais dinheiro não pararam, as vítimas procuraram a polícia e registraram boletim de ocorrência.
Segundo o delegado local, Vinicius Lourenço de Assunção, que investiga os casos, nenhuma das ameaças se consumou. Ele acredita que se trate de extorsão.
— Não há indicativo de que o criminoso (que enviou a mensagem) seja mesmo integrante de facção. Parecem ser pessoas de longe até. Estamos investigando o caso como extorsão, que é um fato mais grave e com pena maior do que estelionato, por exemplo. Porque, nesses casos, você tem a grave ameaça à vítima, que acaba fazendo o pagamento por estar sendo coagida. Eles enviam áudios, vídeos com pessoas sendo mortas, geram esse medo. Esta modalidade de crime vem sendo praticada em outras cidades e vem gerando temor em diversos comerciantes — diz Assunção.
No município, não tinham sido registradas ocorrências do tipo até o momento, mas há relatos de mais vítimas no Vale do Rio Pardo, conforme o delegado.
De acordo com Assunção, a orientação é que a vítima não faça o pagamento e procure a Polícia Civil. Os registros podem ser feitos em delegacias ou pela internet.
A vítima deve reunir todas as informações sobre o caso, como imagens das conversas por mensagens, áudios e contato do celular do criminoso, para ajudar na investigação. Orientações junto à Polícia Civil também pode ser fornecidas pelo telefone 197.
Casos pelo RS
No começo de maio, uma comerciante da zona norte de Porto Alegre também recebeu mensagens do tipo pelo WhatsApp comercial do salão de beleza onde atua. Com medo, ela fez o depósito de R$ 750. À reportagem, a vítima afirmou que passou por "duas horas e meia de tortura psicológica" por parte dos criminosos, até que procurou a delegacia e foi informada de que se tratava de um golpe.
Também em maio, um morador de Rio Grande, no sul do Estado, registrou um boletim na polícia com relato semelhante. Após receber ameaças, ele afirma que efetuou um depósito de R$ 500 aos criminosos. A polícia do município divulgou nota alertando sobre os casos, já que outros relatos também chegaram ao conhecimento da equipe.
Os policiais da cidade acreditam que as ameaças sejam enviadas por detentos, de dentro de presídios pelo país. O sotaque dos autores dos áudios analisados pelas equipes até o momento, normalmente carioca ou nordestino, também contribui para a suspeita.
As cidades de Osório e Capela de Santana também registraram casos do tipo.