O Conselho Tutelar de Alvorada deixou de verificar alerta de um hospital sobre suspeitas de que Mirella Dias Franco, de três anos, sofria maus-tratos. A menina morreu no dia 31, na cidade da Região Metropolitana, por intensa hemorragia abdominal.
O padrasto, Anderson Borba Carvalho Junior, e a mãe, Lilian Dias da Silva, da criança estão presos, suspeitos de tortura com resultado morte. Em janeiro, o Hospital Cristo Redentor fez contato com o conselho. Em fevereiro, um conselheiro foi a um endereço onde a menina residiria.
Como não encontrou ninguém, o conselheiro também tentou contato telefônico. Sem sucesso, registrou uma certidão sobre o caso e a guardou em uma pasta. Não há registro de que o órgão tenha voltado a procurar a família.
O conselheiro, cujo nome não foi revelado pela polícia, prestou depoimento na manhã desta terça-feira (14). A delegada que conduz a investigação, Jeiselaure Rocha de Souza, disse que ainda vai analisar se pode haver responsabilizações de quem teve contato com o caso.
— Importante que se diga que quando há uma denúncia grave como essa, sempre é preciso comunicar. Se o conselho não tem condições de apurar, deve avisar a polícia para agirmos como rede e tentar salvar essas crianças. Tudo isso estamos verificando. As pessoas têm que denunciar. A articulação da rede é fundamental para o acolhimento e prevenção dos desdobramentos mais graves — relatou.
A delegada disse que depois da morte de Mirella já foi possível perceber um aumento de ocorrências de suspeitas de maus-tratos registradas na polícia. A investigação mostra que parentes e vizinhos suspeitavam do sofrimento da menina, até viam lesões no corpo, mas nunca fizeram denúncias.
O conselheiro justificou no depoimento que o órgão tem muita demanda e disse que voltaria ao caso em algum momento.
Ainda nesta terça-feira, a Polícia Civil divulgou imagens da menina chegando na Unidade Básica de Saúde (UBS) Jardim Aparecida, no último dia 31. A menina aparece sendo carregada pelo padrasto ao sair do carro. Depois, é entregue a atendentes, que tentam reanimá-la. Ela já estava morta.
O que diz a prefeitura
A prefeitura de Alvorada enviou nota para a reportagem. Confira:
A prefeitura de Alvorada informa: em relação ao caso do óbito da menina Mirella, a Administração e o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica), não irão se manifestar, pois, trata-se de um inquérito policial. Toda e qualquer informação deverá ser obtida somente através da delegacia responsável pela investigação do caso.
A prefeitura informa ainda que está prestando todo suporte necessário para auxiliar nas investigações.