Foram presos, na manhã deste sábado (11), a mãe e o padrasto da menina de três anos que chegou morta a uma unidade básica de saúde (UBS) de Alvorada, na Região Metropolitana, no último dia 31, em decorrência de graves ferimentos. Em prisão preventiva, eles são investigados pela prática do crime de tortura-castigo com resultado morte.
O homem, de 27 anos, detido em Palhoça (SC), foi trazido para o Rio Grande do Sul. A mãe, de 24 anos, estava em Canoas e foi levada para a Delegacia de Pronto-Atendimento de Alvorada, onde o companheiro também se apresentou depois.
De acordo com a delegada de polícia Jeiselaure Rocha de Souza, após uma série de depoimentos e acesso a prontuários médicos da criança, foi possível concluir que ela sofreu reiterados ataques durante os dois anos em que conviveu com o agressor. Estava sempre com medo, chorando ou machucada.
— Ela ingressou no hospital várias vezes. Há relatos de que foi encontrada com as mãos amarradas. Passava frio e fome. Teve até sarna — enumerou Jeiselaure.
A equipe do posto de saúde tentou reanimar a garota, mas ela já estava morta no momento do atendimento. Os exames revelaram múltiplas fraturas, antigas e recentes, marcas de queimaduras e uma severa hemorragia abdominal, que acabou a levando a óbito — laudo posterior indicou que o ferimento fora causado por instrumento contundente.
Na delegacia, o casal alegou que as lesões ocorreram durante quedas em brincadeiras. Ambos também informaram que a criança tinha histórico de convulsões.
— Esses castigos que ela sofria ultrapassaram tudo que se pode pensar. Testemunhas disseram que o padrasto não gostava dela, ela também relatava isso. Estava sempre machucada — acrescenta a delegada.
Segundo Jeiselaure, as autoridades ainda aguardam laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) e avaliam a possibilidade de realizar uma reprodução simulada dos fatos.