A Brigada Militar (BM) vai abrir sindicância para apurar as circunstâncias do atendimento a uma ocorrência no bairro Bom Fim, em Porto Alegre, na madrugada deste sábado (4). Uma briga resultou na morte de um homem. Comerciantes da região reclamam que a BM teria demorado a atender o caso e afirmam que chamados foram feitos bem antes de o homem morrer.
Linton Ferreira, 46 anos, teria morrido pouco depois das 4h. O comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), coronel Fernando Gralha Nunes, disse que a BM foi acionada às 4h21min para uma ocorrência "inicialmente avaliada como sendo de média prioridade", pois o relato foi de "dois indivíduos em vias de fato (briga)".
A guarnição teria chegado ao local em cinco minutos, pois, segundo registros da corporação, às 4h26min uma ambulância foi acionada por um policial militar que estava no local. Quando BM e Samu chegaram, a vítima já estava morta.
Outra queixa de comerciantes da região foi de que os policiais militares não teriam tentado localizar o agressor. Segundo testemunhas, ele saiu do local com as roupas sujas de sangue. O comandante do CPC explicou que a guarnição que vai ao local prioriza o atendimento à vítima e isolamento para realização da perícia e atendimento da Polícia Civil. As características do agressor foram difundidas via rádio e as buscas foram feitas por outra guarnição, sem sucesso.
— Vamos entrar em contato com os moradores e comerciantes da região para colher as queixas sobre a atuação policial e apurar as responsabilidades através de sindicância. Na sindicância, todo o procedimento será avaliado e os ajustes necessários serão realizados. Vamos aprimorar as ações policiais na região com incremento nas rondas e operações policiais nas proximidades — prometeu o coronel.
O oficial explicou que o posto da BM instalado no bairro, na Avenida Osvaldo Aranha, 1.279, funciona com apenas um PM de plantão. Quem atende os chamados feitos na região são guarnições do 9º Batalhão de Polícia Militar:
— O posto do Bom Fim já foi fechado, mas reabriu por demanda e mobilização daquela comunidade. É uma referência para a comunidade, o PM de plantão atende a população, presta informações, controla os grupos de aplicativos da comunidade e, em caso de ocorrência no raio de ação, atua normalmente, ou pode acionar viaturas pelo rádio. Pode também registrar ocorrências policiais e prestar serviços diversos.
O crime ocorreu na esquina da Avenida Osvaldo Aranha com a Rua General João Telles. Segundo testemunhas, o agressor estava no local horas antes do crime, parecendo alterado, implicando com pessoas e se jogando sobre carros que passavam na avenida.
A briga com a vítima teria começado por volta da 1h, três horas antes da morte. Os dois teriam sido separados por pessoas que estavam na rua, mas a briga recomeçou e evoluiu para agressões mais graves. Inclusive, depois de Ferreira tombar já inconsciente, o agressor teria arrancado parte de uma orelha dele.
O crime é investigado pela 2ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP) de Porto Alegre, comandada pela delegada Roberta Bertoldo.
A polícia vai analisar imagens da região. Conforme relatos de testemunhas, os dois homens eram conhecidos por circularem no local e não seriam moradores de rua.