Depois de indiciar 26 traficantes no início de abril deste ano, alguns deles líderes de facções, a Polícia Civil remeteu à Justiça neste sábado (7) mais um inquérito sobre pessoas que compravam maconha plantada por um gaúcho no Paraguai. Desta vez, o suspeito de ser líder de um grupo, ligado a uma organização criminosa que tem base no Vale do Sinos, foi indiciado por lavagem de dinheiro e teve bens apreendidos.
Ele é apontado como responsável por comandar a venda de drogas no condomínio Princesa Isabel, no Bairro Santana, em Porto Alegre. O investigado já havia sido indiciado anteriormente por tráfico e associação ao tráfico, além de organização criminosa. Em março, ele foi detido na chamada "Operação CabeçaS" do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), quando foram cumpridos 14 mandados de prisão.
A ação de março é continuidade de outra, deflagrada em julho de 2021. A investigação começou há quase três anos, quando a polícia apreendeu 250 kg de maconha no Estado. Os mais de 20 indiciados, tanto por tráfico e outros delitos quanto por lavagem de dinheiro, integram três facções.
O titular da 3ª Delegacia do Denarc, delegado Alencar Carraro, apurava desde 2019 informações sobre os traficantes, comandou a ação policial em março e foi responsável pelo indiciamento ocorrido agora e pelo outro, em abril. Segundo ele, foi possível confirmar que as três organizações recebiam semanalmente meia tonelada de maconha do traficante gaúcho que está no país vizinho.
Do total de investigados que foram responsabilizados, cinco ainda estão foragidos. Desde o início da investigação, há três anos, o Denarc contabiliza cerca de meia tonelada de drogas apreendida e 11 prisões de suspeitos de envolvimento neste esquema de plantio de maconha no Paraguai e distribuição na Região Metropolitana.
A Polícia Civil não divulgou a identificação do indiciado, mas GZH apurou que se trata de Renato Fao Gambini, 52 anos. O investigado tem antecedentes criminais por organização criminosa, lavagem de dinheiro, coação no curso do processo, tráfico e associação para o tráfico.
— Ao longo de dois anos, realizamos monitoramento específico desse líder do tráfico, inclusive acompanhamos viagens dele a outras cidades. Na ocasião, usava bens em nomes de outras pessoas durante deslocamentos com a suspeita de ocultar o patrimônio que adquiriu. Em relação ao condomínio, temos provas, como imagens, da atuação dele no local — diz Carraro.
Advogado de Gambini, Thiago Machado afirma em nota: "Sobre ambos indiciamentos, é importante destacar que não há nenhuma denúncia oferecida pelo Ministério Público. De qualquer sorte, iremos nos manifestar nos autos em caso de eventual denúncia apresentando a defesa em atenção à inocência de Renato. Esclarecemos desde já que Renato não tem qualquer tipo de liderança ou sequer participação em qualquer grupo criminoso, sendo que tais alegações já foram rechaçadas pelo Poder Judiciário do RS em 1º e 2º grau."
Sobre a lavagem de dinheiro, o delegado diz que outro suspeito foi indiciado, um laranja que emprestava o nome para o suspeito. Gambini teve bens apreendidos, mas a polícia ainda não divulgou os tipos e valores.