Uma operação policial foi deflagrada nesta quarta-feira (14) em Porto Alegre, Cachoeirinha e Pelotas para prender oito integrantes de um grupo que possui uma plantação de maconha no Paraguai e que fornece a droga para outros traficantes da Região Metropolitana.
Segundo a polícia, o líder da quadrilha é da região do bairro Cascata, zona leste da Capital, e vendia meia tonelada por semana do entorpecente que plantava, sendo conhecido entre os criminosos por ter a própria marca, inclusive com logotipo adesivado nas embalagens.
Cerca de 40 agentes participaram da ação, e parte deles usou um blindado e o helicóptero da Polícia Civil para cumprir mandado de prisão em uma vila na área central da Capital. Até as 7h, seis pessoas haviam sido presas. Também foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão.
A ação conta também com a participação da Receita Federal pelo fato de a investigação policial ter iniciado, em novembro de 2019, quando uma equipe da instituição flagrou uma carga de 250 quilos de maconha na sede de uma empresa de transportes no bairro Navegantes, na Zona Norte. Um inquérito foi instaurado na 3ª Delegacia do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) e, desde então, os suspeitos passaram a ser monitorados.
Durante o período, foram interceptados carregamentos de 382 quilos de maconha na Capital, em Canoas e em São Leopoldo. O que chamou a atenção do delegado Alencar Carraro foi o fato de que a droga apreendida sempre ter um logotipo: "da lata" e a inscrição "Top RN253".
— Foi quando confirmamos que RN são as iniciais de Renascença e 253 é o número da linha de ônibus que atende a região do bairro Cascata, perto da Glória, onde o grupo tem base. Já "da lata" constava apenas para reforçar o fato de que a droga sempre era do mesmo fornecedor — explica.
Plantação no Paraguai
A polícia também confirmou que a maconha distribuída em toda a Região Metropolitana, mas principalmente na Capital e em São Leopoldo, vinha do Paraguai. Por meio do monitoramento do grupo, os policiais confirmaram que o principal líder da quadrilha, que é ligada a uma facção que tem base no Vale do Sinos, possui uma plantação própria no país vizinho.
O local — assim como demais detalhes — não está sendo divulgado porque a operação desta quarta-feira é resultado de apenas uma parte da investigação, que terá outros desdobramentos.
Além disso, o homem apontado como líder da célula criminosa ainda não foi localizado. Ele, que já estava na condição de foragido, segundo Carraro, por ter rompido uma tornozeleira eletrônica, estaria no Paraguai ou até mesmo em Santa Catarina. Além dele, os oito mandados de prisão preventiva são também contra um gerente do tráfico, outro responsável pela logística, distribuidores e motoristas.
— Em um dos locais, uma vila no bairro Menino Deus, tivemos de usar o blindado e o helicóptero da Polícia Civil pelo fato de que tínhamos informações de que o suspeito possui armas e tem histórico de confrontos — diz Carraro.
O diretor de Investigações do Denarc, delegado Carlos Wendt, diz que a ação desta manhã teve como alvo um grupo, mas destaca que as apreensões e os depoimentos devem revelar mais detalhes de como o tráfico ocorria.
— Temos várias informações, e a ação de hoje (quarta-feira) serviu não só para prender integrantes deste grupo, mas também como elemento de prova para outras investigações futuras — destaca Wendt.
Este mandado de prisão e de busca no Menino Deus, em específico, fica em região próximo aos quartéis da Brigada Militar, na área central da Capital.
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Brigada Militar
Sobre a ação do tráfico nas proximidades do 9º Batalhão de Polícia Militar, o coronel Alex Severo informa que a região é de uma comunidade carente, contudo, com o tráfico estabelecido no local há muito tempo. Ações são feitas rotineiramente na região.
— Fizemos algumas prisões, operações de policiamento e de inteligência para combater isso, inclusive, alimentamos com informações esse trabalho da Polícia Civil através de nossas equipes do Setor de Inteligência. Saudamos os agentes que desarticularam uma quadrilha que age na Capital — ressalta o comandante.
Segundo o coronel, o tráfico é um processo criminoso que se estabelece e se propaga em silêncio, podendo ocorrer em qualquer lugar, independente da região, classe social, entre outros fatores.
Foragido
O Denarc não divulgou os nomes dos alvos da ofensiva, apenas que o líder da célula criminosa é conhecido como "Véio Cabeça", foragido desde junho deste ano. Ele tem antecedentes criminais por tráfico internacional de drogas, tráfico e associação para o tráfico, além de porte ilegal de arma de fogo, comércio ilegal de armas e receptação.
GZH apurou que o suspeito é Rudnei Carneiro Pompeo, 44 anos. O advogado Edson Costa diz que está se inteirando de todos os fatos para se pronunciar posteriormente. No momento, ele destaca que não está defendendo Pompeo, mas, assim que tiver todos os esclarecimentos, irá informar a imprensa.