O homicídio a luz do dia no bairro Medianeira, na manhã desta quarta-feira (23), tem relação com a série de ataques orquestrada por duas facções em Porto Alegre, de acordo com a Polícia Civil. Em oito dias, desde o último dia 15, foram registrados ao menos 10 ataques, que deixaram pelo menos oito mortes, segundo a Polícia Civil.
Por volta das 11h30min, homem foi baleado na Rua Coronel Neves. Conforme a Brigada Militar, a vítima foi atingida por vários disparos de arma de fogo e morreu no local. A Polícia Civil afirma que ele integrava uma facção que tem origem no Vale do Sinos.
Pouco depois do ataque, dois homens foram presos. Um deles teria dirigido o carro usado na ação, e o outro seria responsável por guardar as armas utilizadas. A dupla integra, conforma a polícia, uma facção que atua na Vila Cruzeiro. Um terceiro homem, que teria realizado os disparos, segue sendo procurado.
Segundo a Brigada Militar, um veículo e três armas de fogo foram aprendidas junto com a dupla. A corporação destacou que "continua incessantemente desenvolvendo ações para coibir crimes e proporcionar segurança da comunidade", em nota.
Outro ataque, que também tem relação com os recentes casos, foi o de um tiroteio perto de uma unidade de saúde na Avenida Moab Caldas, no bairro Santa Tereza, na segunda-feira, que fez com que a unidade ficasse fechada naquele dia. Duas pessoas morreram na ação.
Segundo a polícia, foram contabilizados 10 ataques até agora, mas nem todos resultaram em mortes.
Confrontos são motivados por dívida, diz polícia
De acordo com o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, delegado Eibert Moreira, todos os ataques foram encomendados de dentro de presídios, por lideranças das duas facções, como retaliação entre os grupos. A motivação seria uma dívida de tráfico de drogas entre a facção que atua na Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre, e outra do Vale do Sinos.
— Temos muito material apreendido, celulares que estão em análise e estamos focados na investigação. A situação está delineada: é uma disputa entre as duas facções em relação a essa dívida.
A polícia pretende solicitar medidas cautelares, como prisões preventivas, para frear os ataques. Os agentes também trabalham para identificar pessoas envolvidas nos atentados, tanto as que estão presas quanto as em liberdade.
As ações criminosas vem causando apreensão entre moradores. Uma delas, na noite de quinta-feira (17), vitimou o estudante Rodrigo Fagundes Cabreira, 16 anos, na Vila Planetário, no bairro Santana. Ele não tinha relação com as facções e começaria um estágio no Palácio da Polícia no dia seguinte.
Segundo familiares, Cabreira havia saído de casa para ir a um bar, mas acabou baleado. Naquela noite, outros dois homens ficaram feridos e foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro (HPS). Uma mulher de 27 anos e o seu filho de três anos foram atingidos de raspão pelos disparos.
— Essas pessoas acabam sofrendo em razão das atitudes dessas facções, que agem sem se importar com esses resultados. Os grupos visam os atentados, independentemente de quem esteja ali, e acabam atingindo pessoas envolvidas com o tráfico e pessoas que não têm qualquer relação. Estamos mobilizados e focados para trazer uma resposta o quanto antes — diz o delegado Eibert.