Uma sequência de ataques registrados em Porto Alegre na última semana é investigada pela Polícia Civil. Pelo menos nove ocorrências de troca de tiros ocorreram desde o dia 15, deixando sete pessoas mortas (veja no gráfico). De acordo com a Polícia Civil, a motivação pode ter relação com uma dívida de tráfico de drogas entre uma facção que atua na Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre, e outra do Vale do Sinos.
De acordo com o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, delegado Eibert Moreira, todos os ataques foram encomendados de dentro de presídios, por lideranças das duas facções, como retaliação entre os grupos:
— Pela modalidade dos atentados, não é uma tentativa de tomada de pontos de tráfico, mas de causar instabilidade nesses locais. A tomada de ponto costuma ser muito mais incisiva e em um lugar só. Mas vemos ataques pulverizados, em vários espaços distintos, como uma retaliação. As informações dão conta de que isso ocorre em razão de uma dívida entre essas facções.
Conforme o diretor, a Polícia Civil tem equipes mobilizadas atuando nas investigações e pretende solicitar medidas cautelares, como prisões preventivas. Os agentes também trabalham para identificar pessoas envolvidas nos atentados, tanto as que estão presas quanto as em liberdade. A Brigada Militar informou que reforçou o policiamento.
Identificados mortos em confronto
A polícia afirma ainda que já identificou as duas pessoas mortas em um tiroteio que ocorreu na manhã de segunda-feira (21) perto de uma unidade de saúde na Avenida Moab Caldas, no bairro Santa Tereza, na zona sul de Porto Alegre. O estabelecimento chegou a fechar após a troca de tiros, e retomou os atendimentos nesta terça-feira (22).
Um dos mortos no local é um adolescente de 17 anos. A idade da outra vítima não foi divulgada. A polícia investiga se eles têm envolvimento com as facções responsáveis pelos ataques. Após o tiroteio, quatro pessoas foram presas.
Ataque vitimou adolescente
Além de causar apreensão entre moradores da Capital, os ataques comandados por traficantes refletiram na vida de pessoas que não tinham envolvimento com as facções. Na noite de quinta-feira (17), na Vila Planetário, no bairro Santana, o estudante Rodrigo Fagundes Cabreira, 16 anos, foi morto. O jovem começaria um estágio no Palácio da Polícia no dia seguinte.
Segundo familiares, Cabreira havia saído de casa para ir a um bar, mas acabou baleado. Naquela noite, outros dois homens ficaram feridos e foram encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro. Uma mulher de 27 anos e o seu filho de três anos foram atingidos de raspão pelos disparos.
Ao todo, sete mortes foram contabilizadas até o momento em razão dos ataques.
— Essas pessoas acabam sofrendo em razão das atitudes dessas facções, que agem sem se importar com esses resultados. Os grupos visam os atentados, independentemente de quem esteja ali, e acabam atingindo pessoas envolvidas com o tráfico e pessoas que não têm qualquer relação. Estamos mobilizados e focados para trazer uma resposta o quanto antes — diz o delegado Eibert.