O estudante Rodrigo Fagundes Cabreira, 16 anos, iniciaria um estágio no Palácio da Polícia nesta sexta-feira (18), em Porto Alegre. No entanto, os planos do garoto foram interrompidos definitivamente por um grupo armado que executou um ataque a tiros na Vila Planetário, no bairro Santana, na noite de quinta-feira (17). Rodrigo morreu na hora e outros dois homens foram baleados e encaminhados ao Hospital de Pronto Socorro.
O crime ocorreu no beco da Rua 3, localizado entre as ruas Jacinto Gomes e Santana. Na tarde desta sexta-feira, os moradores da comunidade realizaram um protesto na Avenida Ipiranga devido à morte do adolescente. Os manifestantes seguravam cartazes pedindo justiça e segurança para o bairro. O grupo ateou fogo a um sofá. As chamas foram controladas pelo Corpo de Bombeiros.
Na comunidade, o clima é de medo e apreensão. A polícia trabalha com a hipótese de disputa entre facções como motivação para o ataque realizado na Vila Planetário, além de outros dois, ocorridos no bairros Cristal e no Centro Histórico, entre a noite de quinta e a madrugada desta sexta-feira.
“Ele saiu para ir ao bar e nunca mais voltou”
Familiares e vizinhos relatam que Rodrigo era um garoto correto, sem nenhum tipo de envolvimento com crimes. A irmã, que prefere não se identificar por medo de represálias, conta que ele saiu de casa momentos antes dos disparos.
— Estava todo mundo dentro de casa. Disseram que os caras vieram e deram tiros por volta de 19h. Fechamos tudo e fomos para casa. Ele deitou na cama conosco. Estávamos eu, meu filho, meu irmão e a minha irmã. Ele estava jogando um joguinho no telefone, só que a bateria dele acabou. Aí ele pegou e levantou para colocar o telefone no carregador. Foi quando ele falou que iria sair para ir ao bar. Ele saiu para ir ao bar e nunca mais voltou. Eu escutei um monte de barulhos e não pude ajudá-lo — diz a irmã do adolescente.
Rodrigo era aluno do sétimo ano na Escola Estadual de Ensino Fundamental Ildefonso Gomes, que fica a três quadras da comunidade. A família relata que vive a angústia e o medo de não se sentir segura mesmo dentro de casa.
— Como é que nós vamos dormir? Eu não consigo fechar a porta e deitar a cabeça no travesseiro. Estou morrendo de medo que os caras venham, deem tiros ou entrem. Não consigo sair daqui. Eu estou desde ontem sem dormir e sem comer. É horrível — conta a irmã da vítima.
BM deve reforçar policiamento
A Brigada Militar (BM) deve reforçar o efetivo na região. A partir desta noite, cerca de 90 policiais militares de três pelotões de patrulhamento tático, vindos do interior do Estado, serão enviados para localidades da área central e bairros das zonas sul e norte de Porto Alegre, onde ocorreram os crimes mais recentes.
Conforme o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, o delegado Eibert Moreira Neto, até a noite desta sexta-feira, ninguém havia sido preso pelo crime.