Após serem registrados ao menos cinco homicídios nos últimos quatro dias em Porto Alegre — três deles entre a noite de quinta e a madrugada desta sexta-feira (18) —, membros da da Polícia Civil e da Brigada Militar se reuniram durante a manhã para acertar as medidas conjuntas que serão tomadas nas regiões onde ocorreram os crimes.
Segundo o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, delegado Eibert Moreira Neto, foi possível identificar relação entre um conflito envolvendo duas facções rivais e os recentes assassinatos. Um dos grupos atua na área da Vila Cruzeiro, na zona sul da cidade, enquanto outro tem como a base a região do Vale do Sinos.
Ainda conforme o delegado, os ataques não tiverem como objetivo atingir pessoas específicas, mas sim promover conflitos em áreas de tráfico de drogas controladas pelos rivais. Agora, um alinhamento entre as forças de segurança foi traçado, e serão adotadas medidas efetivas para frear o acirramento da disputa.
— A linha de investigação está traçada. Já identificamos que o conflito é esse, e que as lideranças se encontram no sistema prisional. Agora traçamos um plano de ação para conter esses homicídios e esperamos um resultado concreto a partir da próxima semana— afirma o delegado.
A BM também está reforçando o efetivo. A partir desta noite, cerca de 90 policiais militares de três pelotões de patrulhamento tático, vindos do interior do Estado, serão enviados para localidades da área central e bairros das zonas sul e norte de Porto Alegre, onde ocorreram os crimes mais recentes.
Segundo o comandante do Comando de Policiamento da Capital, coronel Fernando Gralha Nunes, ainda que os números de homicídios do mês sejam considerados baixos, o movimento dos últimos dias chama a atenção.
— As disputas por facções vão e vêm. Muitas vezes os líderes são presos e, depois de soltos, buscam recuperar o poder. Em termos de números registrados nesse mês, ainda estamos dentro de um equilíbrio, mas já acende um alerta amarelo.
O professor e sociólogo Rodrigo de Azevedo, especialista em segurança pública, aponta que ainda é cedo para identificar um aumento da violência na capital gaúcha. No entanto, afirma que é possível que haja uma mudança do cenário dos últimos anos.
— A gente teve uma tendência de acomodação, de um menor confronto na Grande Porto Alegre em paralelo ao contexto da pandemia. Esses casos mostram que pode estar havendo um recrudescimento desses grupos. Esse movimento pode vir de diversos fatores ligados a modificações estruturais desses grupos criminosos —afirma.
Na última terça (15), um tiroteio deixou um morto e seis feridos no bairro Santa Tereza, na Zona Sul. Um dia depois, um homem foi morto a tiros na Avenida Ernesto Neugebauer, no Humaitá, na Zona Norte. Já entre a noite de quinta e a madrugada desta sexta, foram três homicídios, nos bairros Santana, Cristal e no Centro Histórico.