Uma operação policial foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (4) em Santiago, na Região Central, e em mais três presídios gaúchos. Ao todo, 150 agentes cumpriram 42 mandados de prisão preventiva contra traficantes, sendo que dez deles são contra detentos envolvidos em novos delitos dentro das cadeias. Até 8h30min, 41 mandados de prisão haviam sido cumpridos.
Também foram realizados outros 23 mandados de busca e apreensão. As ações ocorreram basicamente em Santiago, incluindo o presídio local, bem como na Penitenciária Estadual de Porto Alegre (Pepoa) e no presídio de Santa Maria. Houve pelo menos uma busca e uma prisão em Canoas. Segundo a polícia, o grupo criminoso era conhecido por usar vários adolescentes no transporte de entorpecentes e armamentos.
A investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Santiago ocorre exatamente há um ano e é de responsabilidade do delegado Guilherme Antunes. Segundo ele, os suspeitos foram identificados ao longo da apuração devido ao envolvimento com o tráfico de drogas e de armas. Também foram identificados delitos de associação ao tráfico e corrupção de menores, já que usavam adolescentes para vários atos infracionais.
Do total de 42 ordens de prisão, 10 são de investigados que já estão em três presídios, de onde sai, segundo a polícia, parte das ordens da organização criminosa. Antunes não apura homicídios, mas ressalta que vários traficantes também respondem por assassinatos.
— Um dos nossos objetivos com esta operação, além de tirar estes criminosos de circulação, é encontrar mais provas sobre o tráfico e imputar novos delitos aos presidiários que comandam as vendas de drogas e armas na região — explica Antunes.
Investigação
Em novembro de 2020, um inquérito foi instaurado na Draco a partir do tráfico de entorpecentes no Bairro Ana Martins Bonato, em Santiago, comandado por detentos. Com o andamento das investigações, verificou-se que os suspeitos recrutavam adolescentes para que realizassem as vendas e entregas de drogas, bem como, o transporte de armas e entorpecentes entre pontos de venda.
As drogas eram enviadas de Porto Alegre ou de Santa Maria para o município da Região Central e depois distribuído nos principais pontos de venda da facção. Com a transferência do gerente do tráfico deste grupo, que já estava detido, para o presídio de Santa Maria, novos contatos foram feitos e ele se juntou a um apenado para aumentar a distribuição de entorpecentes e armas em Santiago, ampliando as ações do Ana Martins Bonato para os bairros Irmã Dulce e Jardim dos Eucaliptos.
A Polícia Civil literalmente cercou todos os locais de venda e produção de drogas em Santiago na manhã desta quinta-feira, inclusive usou drones e uma aeronave. A investigação continua para apurar a quantidade de drogas comercializadas e a movimentação financeira do grupo, bem como, o número exato de adolescentes utilizados nas ações criminosas. Os nomes dos presos, principalmente dos responsáveis por comandar o tráfico, não foram divulgados.