Edificação inaugurada em 1932, o prédio administrativo da Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase), na Avenida Padre Cacique, na zona sul de Porto Alegre, está em obras. O projeto envolve telhado, forro, instalação elétrica, colocação de cabos de fibra ótica e Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA).
Patrimônio histórico com tombamento estadual desde 2013, o projeto passou pelo crivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) e tem objetivo de preservar as características do imóvel que já foi sede do Asilo São Joaquim, parte do complexo criado pelo Padre Cacique que atendia pessoas em situação de vulnerabilidade no século 19.
Atualmente, o imóvel sedia as diretorias Administrativa, de Qualificação Profissional e Cidadania e Socioeducativa da fundação, com circulação de pelo menos 200 servidores, que aguardam a reforma há pelo menos 20 anos.
O prédio tem problemas graves de infraestrutura. A fiação elétrica é antiga e, durante a remoção do forro dos primeiros cômodos, foram encontrados animais mortos e madeira consumida pelo cupim, ambiente propício para incêndios.
— Nossa estrutura hoje é péssima, sem condições de fazer um trabalho de excelência. Agradeci a Deus que essa obra começou para evitar um incêndio — diz a presidente da Fase, Sônia D'Avila.
O telhado de fibrocimento será substituído por telha francesa, mantendo as características originais da estrutura. Também será feita pintura interna. A edificação em reforma não abriga nenhum socioeducando. Os internos estão acomodados nos prédios dentro do mesmo complexo — no Centro de Atendimento Socioeducativo Padre Cacique e Centro de Internação Provisória Carlos Santos, estruturas não incluídas na reforma. Em Porto Alegre, também há unidades na Cruzeiro.
Durante as obras, parte dos servidores será realocada em 14 contêineres erguidos ao lado do prédio, outra no antigo imóvel da Fundação de Economia e Estatística (FEE), no Centro Histórico, e outros vão ocupar espaços dentro do complexo da fundação que não sofrem interferência da obra.
A instalação de fibra óptica deve melhorar o acesso à internet, necessário especialmente para audiências online com a Justiça e o Ministério Público — o prédio, com frequência, fica sem internet, obrigando o servidor a utilizar rede particular para participar de teleconferências.
— É um problema que persiste nas unidades do Interior. A rede vai até entrada da unidade, é para uso dos servidores, e os socioeducandos têm acesso apenas em videoaulas, para qualificação profissional, com acompanhamento do agente educador e pedagogo — explica a presidente.
O Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas irá evitar que o prédio seja atingido por raios em dias de intempéries, especialmente pela proximidade do imóvel com o Guaíba e por ser cercado de árvores centenárias. Devido a chuva da quinta-feira (15), o serviço de telefonia da sede estava prejudicado. A melhora na fiação elétrica vai permitir o uso de ar condicionado no verão, que derrubava a rede devido à precariedade da instalação atual.
Iniciada em 4 de outubro, a obra é executada pela Âncora Construções e Equipamentos Eireli, empresa que venceu a licitação, ao custo de R$ 4,9 milhões, com recursos próprios da fundação. A previsão é de que a reforma seja concluída em um ano.
Na avaliação do secretário de Justiça, Sistema Penal e Socioeducativo, Mauro Hauschild, a reforma da sede administrativa está dentro de um contexto maior de obras feitas no âmbito da fundação. Entre elas, a construção de três unidades no Interior — Santa Cruz do Sul, Viamão e Osório. Em 2022, a Fase abrirá concurso com 300 vagas para atuação nessas casas.
Também está em fase final a contratação da empresa que instalará laboratório de robótica em todas as unidades, o que deve contribuir na capacitação — e futura ressocialização — dos socioeducandos.