A Comissão de Graduação em Políticas Públicas (Comgrad-PP) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) divulgou nota (leia na íntegra abaixo) pedindo "máxima prioridade e celeridade" na apuração do caso de racismo denunciado pelo estudante Jota Júnior, do curso de Políticas Públicas da instituição.
O aluno Álvaro Hauschild, que cursa doutorado em Filosofia na UFRGS, foi indiciado, no último dia 15, pelo crime de racismo qualificado. De acordo com a Polícia Civil, mensagens e publicações feitas pelo bolsista são de cunho preconceituoso e ferem a Constituição.
A Comgrad diz que foi realizada uma reunião com Jota Júnior afim de expor como os fatos denunciados por ele o afetaram no percurso acadêmico e em sua vida pessoal.
"Entendemos que o caso exige tanto o necessário cuidado com os procedimentos institucionais, imprescindíveis para o respeito ao devido processo legal, quanto uma firme e diligente resposta da Universidade para as graves denúncias apresentadas", diz um trecho da nota.
A comissão diz que reitera suas preocupações éticas com respeito à pluralidade no meio acadêmico e repudia veementemente o racismo e toda e qualquer forma de discriminação.
A UFRGS analisa a denúncia encaminhada por Júnior, para decidir se irá abrir processo disciplinar para investigar o caso. Outro processo contra Hauschild foi aberto, no começo do mês, depois que a universidade recebeu um dossiê enviado por alunos. O material traz um compilado de publicações feitas pelo bolsista, que também teriam cunho racista. GZH procurou a UFRGS para atualizar as informações sobre o processo, mas ainda não recebeu uma resposta.
Em seu depoimento à polícia, Hauschild negou que tenha cometido o crime e disse que expressou uma opinião, mas que não teria praticado violência.
Veja a nota do Comgrad-PP na íntegra
"No dia 13 de outubro deste ano, a Comissão de Graduação em Políticas Públicas (COMGRAD-PP) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) se reuniu com o acadêmico Sérgio Renato (Jota) da Silva Júnior, para tratar da denúncia encaminhada por este à COMGRAD-PP e à Direção do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Trata-se de uma denúncia de racismo e outros insultos discriminatórios e eugenistas praticados por um acadêmico de doutorado desta mesma Universidade contra o acadêmico Sérgio Renato da Silva Júnior, com ampla repercussão na mídia e no ambiente universitário.
O objetivo da reunião foi abrir um primeiro espaço de escuta e acolhimento institucional, para que o acadêmico Sérgio Renato da Silva Júnior pudesse expor como os fatos denunciados por ele o afetaram no percurso acadêmico e em sua vida pessoal. E também para orientá-lo sobre aspectos que organizam o processo institucional de apuração dos fatos e os modos de ativar e dar seguimento às apurações sobre o caso, a fim de que sejam elas levadas a bom termo no âmbito da Universidade.
A COMGRAD-PP se une ao desejo manifesto pelo acadêmico e pelo Programa de Pós Graduação em Filosofia (PPGFil) desta Universidade para dar o devido prosseguimento à apuração dos fatos no sentido de que as instâncias responsáveis no âmbito da UFRGS atuem com a máxima prioridade e celeridade no encaminhamento das necessárias apurações preliminares e para a consequente apreciação dos elementos que configuram eventual instauração de processo disciplinar.
Entendemos que o caso exige tanto o necessário cuidado com os procedimentos institucionais, imprescindíveis para o respeito ao devido processo legal, quanto uma firme e diligente resposta da Universidade para as graves denúncias apresentadas. Vale destacar que, no último dia 15 de outubro, a Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) concluiu o inquérito a respeito do caso, classificando as condutas denunciadas como crime de racismo.
A COMGRAD-PP vem a público reiterar suas preocupações éticas com respeito à pluralidade universitária e repudia veementemente o racismo e toda e qualquer forma de discriminação. A Universidade Pública, para seguir coerente com os seus fundamentos e com sua importante função social, precisa ser um espaço não só de garantia de direitos, mas também de promoção da diversidade, da igualdade e do respeito."