A investigação sobre a morte de Rafael Theis Freitas, 38 anos, encontrado sem vida no fim de semana em Porto Alegre, após desaparecer no dia 23, apura se há algum indicativo de crime. Até o momento, nenhuma das evidências colhidas indica que o montador de móveis possa ter sido assassinado. Mas a polícia aguarda a perícia e busca descartar todas as possibilidades.
O corpo de Rafael foi encontrado na tarde desse sábado (28), boiando perto de uma marina na Ilha da Pintada, em Porto Alegre. O veículo dele, um Clio vermelho, havia sido encontrado dias antes, nas proximidades. O carro estava abandonado em um refúgio, às margens da BR-290, estacionado perto de uma empresa, logo após a ponte sobre o Rio Jacuí, no trajeto que leva a Eldorado do Sul.
— Aguardamos o laudo da perícia para afirmar com certeza a causa da morte e saber se não há sinais de violência. O corpo ficou muito tempo na água, então prefiro não fazer afirmações antes de ter o laudo — explica o delegado Newton Martins de Souza Filho, da Delegacia de Polícia de Investigação de Pessoas Desaparecidas.
Uma das possibilidades investigadas é de que Rafael tenha se jogado voluntariamente nas águas, mas nenhuma hipótese é descartada pela polícia. Os investigadores buscaram imagens de câmeras no entorno, mas até agora não foi localizado registro da movimentação do montador. Um dos pontos que chama a atenção da polícia é o fato de que o Clio estava trancado. Somente o celular desapareceu, enquanto a carteira, com cartão e documentos, por exemplo, estava dentro do veículo.
— Geralmente, quando a vítima está em posse de um sequestrador ou assaltante, sai com pressa e não tem tempo de fechar e trancar as portas. Quando há translado, de um carro para o outro, normalmente, não se tem nenhum cuidado para fechar vidros e deixar tudo intacto. É um dado que isolado não diz muita coisa, mas dentro de um cenário pode ser indício forte de não ter havido um crime. Mas neste momento nada é descartado — detalha o delegado.
Na semana passada, a polícia chegou a fazer buscas por Rafael na área rural de Portão, com auxílio dos bombeiros e de cães farejadores. A procura se deu após a família obter um sinal de geolocalização que indicava que o celular do montador estaria naquela área. Sobre essa informação, o delegado afirma que a localização foi indicada por um aplicativo utilizado pela família, que pode não ser preciso. O policial também não descarta que o aparelho possa estar em posse de outra pessoa.
— Fizemos buscas com base na informação desse aplicativo. Naquele momento, nosso foco era localizá-lo, então tínhamos que verificar tudo. Ainda que seja verídica a informação do sinal, o celular pode ter sido obtido de qualquer forma. Ao longo das investigações, obviamente, se buscará por esse celular — afirma Souza Filho.
Com a confirmação da morte, a investigação deverá ser repassada nesta semana da delegacia especializada em desaparecimentos, onde segue no momento, para a equipe da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O laudo da necropsia ainda não tem prazo para ser concluído.
“Estava bem normal”, diz familiar
A família de Rafael tenta compreender o que aconteceu – o montador de móveis morava no bairro São Sebastião, com a esposa e duas filhas, uma menina de nove anos e outra de cinco meses. Ele também era pai de um adolescente de 15 anos de casamento anterior. Segundo os parentes, Rafael sabia nadar, não tinha histórico de depressão que a família soubesse e nem de uso de entorpecentes.
Na noite da segunda-feira (23), saiu de casa normalmente, como fazia três vezes por semana, para ir a uma clínica de fisioterapia. Rafael tinha uma lesão na coluna para a qual se tratava com sessões de quiropraxia. Logo depois das 19h40min, deixou a clínica sozinho no Clio vermelho, que estava estacionado em frente ao prédio, no bairro Boa Vista.
A secretária do consultório relatou aos funcionários que ele estava tranquilo e aparentava normalidade. Mais tarde, o veículo de Rafael passou por uma câmera de segurança na BR-290, a caminho de Eldorado do Sul. Entre os familiares, nada de anormal foi percebido.
— O Rafael não estava dando nenhum indício, estava bem normal. Claro que nunca sabemos o que se passa na cabeça de uma pessoa. E depressão é uma coisa que a pessoa pode guardar para si. Mas esperamos que seja investigado mais a fundo, para sabermos o que realmente aconteceu — afirma a cunhada, Aline Machado Lima Theis, 29 anos.
O corpo do montador foi sepultado na manhã de domingo no Cemitério Memorial da Colina, em Cachoeirinha.