A Polícia Federal (PF) concluiu a extradição de um jornalista mexicano que estava no Presídio Central de Porto Alegre e era procurado pela Interpol por crimes investigados em seu país.
Ele foi preso pela PF em 2018, em Canoas, na Região Metropolitana, e aguardava a conclusão do processo de extradição pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em outubro do ano passado, GZH contou a história de Vladimir Leonel Valero Canseco, que havia pedido asilo político ao governo brasileiro. Ele tinha esperança de permanecer no Brasil, já que alegava perseguição política no México.
A captura do mexicano teve como origem uma investigação iniciada na Costa Rica sobre tráfico de pessoas e distribuição de fotos de pornografia infantil pela internet. Valero é apontado como envolvido no suposto esquema. Ele teve prisão preventiva decretada pelo Supremo em 2017 para fins de extradição. Valero foi entregue a autoridades mexicanas na quinta-feira (18), no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo.
Conforme nota da PF, o "extraditado havia sido incluído na lista de procurados internacionais 'Difusão Vermelha', da Interpol. A captura foi solicitada pelas autoridades do México, país em que foi acusado de administrar as finanças de uma organização criminosa transnacional de tráfico de pessoas — na modalidade de exploração por meio de pornografia e outros delitos conexos — dedicada à produção de material com conteúdo pornográfico".
Valero saiu do México em 1998 e, depois de passar por vários países, instalou-se no Rio Grande do Sul a partir de 2003. Conforme apresentou em seu currículo e na defesa perante o STF, Valero veio ao Estado para fazer uma matéria para a revista The Economist sobre as vantagens de investir no Rio Grande do Sul. Depois disso, decidiu morar no Brasil.
Demitido de uma agência de notícias para a qual prestava serviços, passou então a atuar com sites em que agências de modelo podiam divulgar trabalhos. Essa conexão é que teria ajudado a envolver o nome do jornalista na apuração da Costa Rica.
Investigado pela PF no Estado, depois de supostas vítimas brasileiras serem identificadas, Valero não foi indiciado. GZH apurou que o jornalista teve equipamentos apreendidos e periciados, mas nada relativo à pornografia infantil foi encontrado.
O advogado de Valero, Demetrius Barreto Teixeira, informou que o inquérito foi concluído e que a PF se manifestou pelo arquivamento da investigação. Também disse que a extradição foi feita sem que o pedido de asilo fosse analisado:
— O pedido sequer foi analisado. Está parado no Ministério das Relações Exteriores. Estou providenciando o apostilamento do inquérito policial daqui do Brasil, em que foi pedido o arquivamento pelo Ministério Público Federal por não constatar que ele tenha cometido qualquer crime no Brasil. Isso vai ser usado pela defesa dele no México para pedir um recurso de amparo para que a prisão seja revogada lá. Toda a acusação do México se sustenta no argumento de que Vladimir teria cometido crimes no Brasil, o que não foi constatado no inquérito.