O macabro cenário de cabeças cortadas e corpos desmembrados que abalou a capital gaúcha em anos recentes virou tema laureado na academia. A cientista social Marcelli Cipriani, 30 anos, conquistou o prêmio de melhor dissertação de mestrado em sua área pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) em 2020 com o trabalho Os Coletivos Criminais de Porto Alegre Entre a “Paz” na Prisão e a Guerra na Rua. O tema é a guerra de facções estabelecida na cidade entre 2016 e 2018. Marcelli, que é bacharel em Direito e mestre em Ciências Sociais pela PUCRS e bacharel em Ciências Sociais e doutoranda em Sociologia pela UFRGS, comprovou que a batalha nos bairros não chegou à prisão, onde uma espécie de pacto de não agressão permitiu que as autoridades controlassem a panela de pressão das facções em convivência. Está longe de ser um trabalho teórico. Para realizá-lo, a pesquisadora porto-alegrense aproximou-se de “soldados” de facções, policiais, carcereiros e integrantes do Judiciário. Nesta entrevista, ela conta algumas de suas descobertas.
Com a Palavra
Pesquisadora com trabalho premiado sobre violência no RS explica processos de guerra e paz entre as facções gaúchas
Marcelli Cipriani entrevistou "soldados" do crime, policiais, carcereiros e funcionários do Judiciário para entender como se formou o atual cenário no Estado