Uma idosa de 81 anos, moradora do bairro São Geraldo, zona norte de Porto Alegre, foi vítima de um casal que se passou por equipe de vacinação para aplicar a segunda dose do imunizante contra o coronavírus. A casa dela foi invadida na quinta-feira (4) e agora a polícia investiga o caso para tentar identificar os criminosos.
A vítima, que tem a identidade preservada, conta que primeiro teve um susto, depois achou que era brincadeira, mas ao ver as armas e as agressões à cuidadora, percebeu que se tratava de um assalto:
— Claro que me assustei, ele até foi educado comigo, não me machucaram. Mas, ao ficar parado na minha frente, me assustei, depois pensei que estava brincando, mas quando botou a mão na cintura e tirou o revólver, quando vi estapearem ela, aí vi que era verdade.
A 4ª Delegacia de Polícia instaurou inquérito para apurar o caso e analisa imagens de câmeras de segurança. A delegada Laura Lopes diz que a sobrinha da vítima será ouvida nesta sexta-feira (5) porque ela é a responsável pelo cartão bancário da tia, que era o alvo dos criminosos.
A sobrinha não estava na residência no momento do roubo, mas informou à GZH que a familiar havia recebido ligação de uma pessoa se dizendo da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), dando endereço e nomes — da idosa e da cuidadora — para aplicar uma segunda dose da vacina. Como ela já havia sido imunizada pela segunda vez, a pessoa ao telefone ofereceu para a cuidadora, agendando uma visita.
Agressão
A cuidadora informou que, ao receber a ligação, a pessoa deu dois nomes, dizendo ser uma técnica em enfermagem e um agente de saúde. Assim como combinado, na hora agendada, a dupla chegou na residência e se apresentou. Eles chegaram em um carro HB20 branco, que pode ter sido roubado. Pediram documentos e, quando perceberam que o cartão bancário não estava com as vítimas, passaram a agredir a cuidadora.
— Não tinha como saber, a mulher estava com jaleco do SUS, caixa e prancheta do SUS. Entraram e pediram para eu não fechar a grade. Ela fechou a porta, ele pegou meu documento e ela tirou a arma. Ele já foi me soqueando, puxou meus cabelos, me deu socos e queriam me amordaçar, mas não deixei, impedi com meus braços e eles apertaram meus braços. Me deram muitos tapas na cabeça, puxaram meus cabelos, me bateram no pescoço — diz a cuidadora que também está tendo a identidade preservada.
A idosa não foi agredida e os ladrões fugiram com um telefone fixo, um celular e documentos da cuidadora.
Investigação
A delegada Laura diz que, além dos depoimentos, a análise das imagens pode ajudar a identificar os suspeitos. Ela não descarta que possa ter o envolvimento de alguém que seja conhecido da família ou que sabia a rotina das vítimas, bem como de alguma pessoa ligada a um servidor da SMS. Isso pelo fato de que a idosa já havia sido cadastrada no órgão, bem como pelo fato de que uma pessoa ligou para agendar a vacinação e repassou várias informações das vítimas.