Nos últimos dois anos, a vida da contadora Adriane Balestreri Potrich mudou completamente. Após o desaparecimento do marido, o gerente do Sicredi de Anta Gorda, no Vale do Taquari, Jacir Potrich, com quem era casada há 26 anos, ela deixou o condomínio onde residia, alugou um apartamento na área central do município e convive com as incertezas sobre o que aconteceu. Na data em que o companheiro desapareceu, em 13 de novembro de 2018, ela havia ido até Passo Fundo visitar o filho do casal.
— Tenho tentado seguir a minha vida. Mas não é fácil. Da noite para o dia, a vida da gente virou de ponta cabeça — descreve.
Adriane, 55 anos, tem convicção de que não havia motivo para que o marido desaparecesse por conta própria. Acredita, assim como a polícia e o Ministério Público, que o companheiro foi assassinado. Apesar do período transcorrido, tem esperança de que o caso será solucionado.
— Esperamos que em algum momento apareça essa ponta que parece que ficou solta na investigação. Alguma coisa que não foi desvendada. Acredito na linha que as autoridades seguiram e creio muito em Deus. A justiça dos homens pode ser falha, mas a divina jamais. Em algum momento, a consciência de alguém vai falar mais alto — diz.
Na época do sumiço, os familiares de Potrich ofereceram recompensa de R$ 50 mil por informações sobre o paradeiro dele, mas isso não trouxe resultados. A polícia chegou a trabalhar com a suspeita de sequestro, por conta da profissão do gerente, mas descartou a hipótese diante da falta de pedido de resgate.
Quando o sumiço completou um ano, um ato de despedida foi realizado no município, pedindo Justiça e homenageando Potrich, que era bastante conhecido na cidade.
— Acho que não passa um dia sem que seja interpelada por alguém para saber como está o caso. Alguma notícia, alguma novidade. Todos os dias alguém pergunta — conta Adriane.
No ano passado, quando se completaram dois anos do desaparecimento, a família optou por fazer uma cerimônia mais íntima. Além da esposa, o gerente deixou um filho.
Na mesma linha que os familiares, o promotor André Prediger, um dos engajados na busca por descobrir o que aconteceu com Potrich, acredita que o tempo não impedirá que o caso seja desvendado.
— Um pai de família, esposo, gerente de banco, um homem que não tinha motivo nenhum para sumir, desapareceu, esse é o fato. A família quer uma resposta. O prazo prescricional é de 20 anos. Nós temos 18 anos para buscar essa prova nova. E eu tenho certeza que ela vem. Não é otimismo, é experiência. Tenho certeza de que em algum momento vamos chegar lá — afirma.
Colabore
Quem tiver informações sobre o caso pode procurar a Delegacia de Polícia de Anta Gorda pelo telefone (51) 3756-1138. Também é possível entrar em contato com o Ministério Público pelo telefone: (51) 3751-1143.
Relembre
Após o sumiço de Potrich, um vizinho acabou indiciado e denunciado pelo desaparecimento e morte do gerente do Sicredi. Para o MP e a polícia, o crime havia sido cometido em razão de uma desavença entre os dois.
A ação acabou sendo encerrada pelo Tribunal de Justiça, que decidiu por unanimidade em agosto de 2019 trancar a ação penal, por entender que não havia provas de que o dentista tivesse envolvimento no caso. Em maio do ano passado, após o Ministério Público recorrer pedindo que a ação fosse mantida, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a decisão que encerra o processo.