Desembargadores da 1ª Turma do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul decidiram pelo trancamento da ação contra o dentista Carlos Patussi, acusado pelo Ministério Público de matar e ocultar o cadáver do gerente do banco Sicredi, Jair Potrich, em Anta Gorda, no Vale do Taquari. A decisão atende pedido da defesa de Patussi. Para o relator do habeas corpus, desembargador Honório Gonçalves da Silva Neto, não há elementos que levem a continuidade do processo.
"Anoto, por primeiro, que, não testemunhado o crime, tampouco localizado o corpo da suposta vítima, a circunstância de não descrever a inicial acusatória a forma como teria sido morto o ofendido não a torna inepta, em razão da absoluta impossibilidade de, nessas condições, determinar-se a maneira como se deu a execução."
À decisão, cabe recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ). O promotor de Justiça de Encantado André Prediger disse que não foi notificado, mas garantiu que irá recorrer. Agora, a ação penal ficará parada até o julgamento de eventual recurso.
Para Paulo Olímpio, advogado do réu, o tribunal esclareceu, com essa decisão, que não há qualquer envolvimento do acusado com o desaparecimento:
— Essa decisão tranca e elimina a acusação contra Carlos Patussi. Agora, dificilmente, em caso de recurso, será modificada. A decisão traz esclarecimento decisivo. O tribunal entendeu que toda a prova produzida no inquérito até agora, as perícias, eliminam qualquer possibilidade de envolvimento com o desaparecimento.
Relembre o caso
Jacir Potrich, que era gerente do Sicredi em Anta Gorda, sumiu na noite de 13 de novembro, após uma pescaria. Na última vez em que foi flagrado pelas câmeras do condomínio onde morava, seguia para um quiosque. Os peixes foram limpos e guardados na geladeira. Ele residia com a mulher e um sobrinho, de 24 anos.
Familiares chegaram a oferecer recompensa de R$ 50 mil por informações sobre o paradeiro do bancário. A polícia chegou a trabalhar com a suspeita de sequestro, por conta da profissão de Potrich, mas acabou descartando a hipótese. Nenhum pedido de resgate foi feito.
O dentista foi preso em 23 de janeiro em um apartamento em Capão da Canoa, no Litoral Norte, e acabou solto oito dias depois, após solicitação da defesa. Segundo o MP, o dentista aparece em vídeo mexendo em câmeras de segurança. Para a Promotoria, o réu teria matado a vítima dentro do quiosque no condomínio. Depois, teria escondido o corpo — até hoje não encontrado.