Um motorista de 28 anos foi indiciado, nesta quinta-feira (11), pelo homicídio da freira Maria Ana Dal Santo, 79 anos, em São João do Polêsine, na região central do Rio Grande do Sul. A morte ocorreu na manhã de 17 de janeiro, na casa onde a vítima estava. O homem está preso preventivamente desde 27 de janeiro. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil nesta manhã.
O homem foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, pelo motivo torpe e por recurso que impossibilitou a defesa da vítima, que foi atacada pelas costas, conforme apontou o laudo pericial. A irmã foi encontrada morta com um corte profundo na parte de trás do pescoço. O golpe foi tão forte que quase decapitou a vítima.
Procurado, o advogado do motorista, Ditmar Strahl afirmou que irá se manifestar somente "após a judicializaçao do fato".
Em depoimento, o homem, que trabalhava como motorista particular, confessou o crime e alegou ter sido contratado para matar a freira por uma terceira pessoa. Mediante acareação, o homem retirou essa acusação e não disse mais nada sobre a motivação. Essa terceira pessoa não foi indiciada, pois nenhum indício de participação foi encontrado nas investigações, conforme a polícia. Em um primeiro depoimento, o motorista havia negado ter visitado a propriedade da família da religiosa no dia do crime.
Além de confessar a autoria, o homem também indicou aos policiais o local onde havia jogado o facão utilizado para matar a vítima, que foi apreendido e encaminhado para perícia. Ao longo da investigação, foram colhidos 43 depoimentos, segundo a polícia.
Conforme o delegado que conduziu a investigação, Sandro Meinerz, o homem não demonstrou arrependimento durante o depoimento:
— Ele não demonstrou remorso, nenhum arrependimento, estava totalmente frio. Não esboçou nenhum tipo de emoção — afirma Meinerz.
A partir de imagens obtidas em câmeras de segurança, a polícia também identificou um veículo usado pelo homem. O carro, um Prisma sedan vermelho, esteve na propriedade onde estava a vítima no horário do crime, segundo as filmagens. Uma delas permitiu confirmar que a placa era a mesma do Prisma do motorista. A partir disso, a polícia pediu um mandado de busca e apreensão, que foi cumprido no final de janeiro, em Faxinal do Soturno.
Conforme a investigação, o crime teria ocorrido em razão de um desacerto financeiro, envolvendo o conserto de um veículo e uma corrida até o Paraná, onde a vítima residia. A freira morava em Iporã há mais de 40 anos, mas no fim do ano passado retornou para São João do Polêsine para auxiliar uma irmã, que estava doente.
No período em que esteve no município gaúcho, a freira teria contratado o homem para consertar um Fusca, que pertence à irmã da vítima, que mora na casa onde ocorreu o crime. Por esse serviço, o homem teria recebido R$ 1 mil. No entanto, o reparo no veículo não chegou a ser feito e a religiosa estaria pressionando o homem para que devolvesse o valor.
Além disso, o motorista teria se oferecido para levar a freira de volta ao Paraná. Por esse serviço, o homem afirma que receberia R$ 1,8 mil. A viagem dela até o Rio Grande do Sul foi feita com outro condutor. Orientada por outras freiras, a religiosa teria recusado a oferta. A irmã acabou optando por realizar a corrida com a mesma pessoa que lhe trouxe ao Estado. O retorno deveria ter ocorrido na terça-feira, dia 19, mas a idosa foi morta dois dias antes.
A freira se dedicava à vida religiosa desde a adolescência. Ela morava em uma escola no município de Iporã, onde era bastante querida pela comunidade. A religiosa recebeu diversas homenagens de colegas e alunos após a perda trágica.